Um estudo realizado no Instituto de Geociências (IGc-USP) trouxe novos dados geológicos sobre a Bacia de Bauru, unidade que forma os terrenos do centro-oeste e de boa parte do sudeste brasileiro, além de uma parte do Paraguai. O pesquisador, Luiz Fernandes, utilizou uma grande variedade de material, incluindo imagens de satélite, conhecimento bibliográfico prévio e amostras de rochas da Bacia.
O objetivo do trabalho, segundo Fernandes, foi, além de contribuir para a evolução do conhecimento geológico da unidade, “compreender melhor características do terreno para fornecer subsídios ao uso de suas aptidões naturais, [pois trata-se de] uma importante região econômica do país”. Ele explica que conhecer o terreno é importante para planejar a ocupação do espaço e evitar eventuais danos causados por ações equivocadas. “Por exemplo, caracterizar as rochas e solos de uma região serve para planejar obras como rodovias, barragens, tuneis; quais são mais aptas à agricultura, entre outras atividades”, o pesquisador diz.
Foi feito um levantamento do conhecimento prévio existente sobre a área, e compilados mapas geológicos a partir disso. Seguiram-se, então, levantamentos de campo, em que foram analisadas e descritas rochas que estão expostas (como em paredões, pedreiras, e ferrovias). A partir disso, Fernandes analisou a composição das rochas, consistência, cor e outros fatores que ajudassem a reconstituir os processos de formação delas – e da própria Bacia. Ele elaborou, por fim, “modelos deposicionais”, ou seja, “projeções do ambiente em que se acumularam aqueles sedimentos que, após soterramento e compactação, tornaram-se rochas”. Outros métodos complementares foram utilizados, como microscopia eletrônica e análise por raios X.
O resultado foi um mapa geológico da porção oriental da Bacia de Bauru apresentado na tese Estratigrafia e evolução geológica da parte oriental da Bacia Bauru (Ks, Brasil). Posteriormente, foi incorporado também ao mapa geológico do Brasil da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Além disso, os novos dados sobre a evolução geológica foram incorporados no volume Bacia do Paraná, editado em 2007 pela Petrobras.