São Paulo (AUN - USP) - Há três anos o HU promove campanha contra o fumo em suas dependências. Em janeiro de 2005, foi colocada em prática a “Campanha Prédio Sem Fumo 2005”: pacientes, visitantes, médicos e funcionários são lembrados da proibição de fumar dentro do hospital e também nas proximidades, até dez metros do prédio. Uma área ao ar livre, no segundo andar do hospital, foi reservada para servir de ‘fumódromo’. Essas medidas têm por objetivo melhorar a saúde dos que passam e trabalham no local. O HU desenvolve também programa de tratamento contra o vício, por meio de grupos antitabágicos.
“A luta para tornar proibitivo o cigarro no HU foi árdua, mas temos bons resultados”, diz João Paulo Becker Lotufo, médico do hospital e coordenador da campanha. Ele menciona ainda que “esse é um empenho para cumprir a legislação brasileira existente”. Além dos cartazes da campanha, seguranças e funcionários têm orientado as pessoas para que fumem somente no lugar reservado para isso. Segundo Lotufo, “a proibição tem sido respeitada”. Pacientes internados que são dependentes de nicotina muitas vezes encontram dificuldade para acatar essa orientação. “Acontece de pacientes pedirem para a família trazer cigarro, e eles tentam fumar escondido aqui”, afirma. Para evitar que isso aconteça, o HU tem fornecido medicação que repõe nicotina; assim o paciente não sofre os sintomas de abstinência do cigarro.
Além de acabar com o fumo em suas dependências, o HU tem por objetivo auxiliar aqueles que são dependentes da nicotina a parar de fumar. Os interessados, vinculados ou não à USP, podem se inscrever nos grupos antitabágicos. Ao todo, cada grupo realiza oito reuniões com profissionais da área de saúde, como médicos e dentistas. “O principal objetivo é orientar a pessoa, mostrar os problemas que o cigarro causa, como câncer de boca, amputações, etc”, destaca Lotufo. O HU oferece, também, medicação para tratamento da dependência aos funcionários do hospital que participam dos grupos. Introduzir medicação como parte do programa fez crescer o número de pessoas que conseguiram parar de fumar. Conforme analisa Lotufo, “sem a medicação, 30% dos participantes conseguiam parar de fumar, mas com os remédios 70% foram bem-sucedidos”.
Pesquisas mostraram que o cigarro faz mal não apenas para aqueles que fumam, mas também para os que estão expostos a ele. No HU, foi realizada análise dos níveis de cotinina (substância derivada da nicotina) encontrada na urina de crianças de 0 a 5 anos. Os resultados mostraram que 24% das crianças têm cotinina na corrente sangüínea, ou seja, são fumantes passivas. “Isso causa muitos problemas à saúde. A criança que é fumante passiva vem duas vezes mais ao pronto-socorro que uma criança que não tem tanto contato com o cigarro”, diz Lotufo. “É preciso esclarecer que o cigarro é droga e causa mais dependência que a bebida alcoólica e que a maconha”.
A proposta do HU é estender essa proposta de conscientização e proibição do fumo a todas as unidades da USP, em respeito à legislação vigente. Para que isso aconteça, é necessário montar uma comissão na faculdade, que ficará responsável por planejar uma campanha voltada aos seus funcionários e alunos, e, em seguida, poderá criar mecanismos para acabar com o fumo dentro do prédio.