ISSN 2359-5191

06/07/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 14 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
“Narizes eletrônicos” são capazes de distinguir odores

São Paulo (AUN - USP) - O desenvolvimento de equipamentos com capacidade para a distinção de gases por meio de sensores eletrônicos é um dos objetos de pesquisa do Grupo de Síntese de Polímeros Condutores do Instituto de Química (IQ) da USP. Esses sensores, os “narizes eletrônicos”, são capazes de identificar e quantificar os gases que estão no ambiente.

Cada sensor é constituído de forma bem simples, são feitos de pequenas chapas de cobre revestidas com polímeros condutores, que são submetidos à passagem de corrente elétrica. Esses polímeros são espécies de plástico que, apesar do senso comum, possuem a capacidade de conduzir eletricidade. “A síntese desse tipo de polímero já é conhecida há mais ou menos 20 anos”, explica o professor Jonas Gruber, que coordena o Grupo de Síntese de Polímeros Condutores no IQ. A capacidade de identificação dos gases no ambiente se deve à variação de resistência dos polímeros de acordo com os gases aos quais estão expostos. Não só a presença de um determinado gás altera a resistência do polímero, mas também a quantidade com a qual se encontra no ambiente.

Os dispositivos de detecção são chamados de “narizes eletrônicos” justamente por, assim como os reais, serem compostos por um conjunto de sensores. “Geralmente utilizamos quatro sensores diferentes em cada conjunto. O que diferencia um sensor do outro é o tipo de polímero que o reveste”, complementa Jonas Gruber. Cada polímero possui capacidades condutivas diferentes. Um gás que não altera muito a condutibilidade de um certo polímero pode ter uma maior interferência na de outro.

Esses dispositivos podem ser utilizados na indústria alimentícia e na industria de bebidas (fazendo o controle de qualidade de seus produtos), assim como na detecção de gases nocivos em ambientes fechados ou no ar atmosférico.

Projetos

Três projetos estão sendo desenvolvidos pelo grupo do IQ, um deles em parceria com a Professora Elisa Higa, da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), o qual tem como foco a detecção de óxido nítrico (NO). Esse gás é exalado, tanto na urina como na respiração, por pacientes em estado grave de saúde. Com a utilização desses “narizes” haveria a capacidade de se quantificar a presença de óxido nítrico e, assim, avaliar a gravidade do estado de saúde na qual se encontra o individuo.

Outro projeto em andamento relaciona-se à Química Ambiental e busca a identificação de substâncias poluentes na atmosfera, que sejam nocivas a nossa saúde, como monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), óxido nítrico (NO), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3).

O último trata-se de um sensor sensível a metanol, mas não a etanol. No processo de fabricação de certas aguardentes a fermentação pode originar metanol ao invés de etanol. Ocorre que o metanol é extremamente nocivo ao nervo óptico, podendo, se ingerido em excesso, causar cegueira, sendo justamente por isso que esses “narizes” estão em desenvolvimento. “A grande vantagem desse método é que basta colocarmos o dispositivo em contato com os vapores da bebida para sabermos se há ou não metanol e se há, qual a sua proporção”, conclui o professor do IQ.

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