ISSN 2359-5191

06/07/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 14 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
IPT propõe construção civil ecológica

São Paulo (AUN - USP) - Deposição ilegal de entulhos, entupimento de bueiros, bloqueio parcial de ruas, enchentes e conseqüentes doenças na comunidade. Todos esses problemas, causados pelo mau aproveitamento dos resíduos provenientes das obras da construção civil, podem ser amenizados com a solução desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas: o reaproveitamento do entulho.

Esses resíduos, muitas vezes depositados irregularmente, apresentam uma massa igual ou superior da massa dos resíduos domiciliares, o que significa uma sobrecarga nos aterros sanitários oficiais. Luiz Tsuguio Hamassaki, pesquisador do IPT responsável pelo Laboratório de Concreto, alerta para a importância do reuso do entulho, tendo em vista a viabilidade e lucratividade da proposta. “Comparado diretamente com o material natural, uma areia ou brita reciclada de entulho poderá ter custos até inferiores. No entanto, a viabilidade maior situa-se no ganho ecológico e em outras implicações que o tratamento do entulho pode trazer a uma comunidade, como diminuir as deposições ilegais, reduzindo o risco de entupimento de bueiros e de enchentes. Também ajuda numa maior preservação das extrações do material natural, que é realizada em regiões próximas ou situadas muitas vezes em reservas florestais”, explica.

O processo de reutilização, segundo Hamassaki, é simples: o entulho previamente selecionado, composto por fragmentos de concreto, materiais cerâmicos e cimento – deve-se evitar solo, gesso, tintas – é triturado em equipamento de britagem e o material resultante volta a ser utilizado como areia ou brita. Normalmente, o entulho originário de uma demolição (fragmentos de concreto) apresenta uma matéria-prima mais possível de ser reciclada quando comparada com o entulho desperdiçado numa construção.

Aplicações e entraves

O material reciclado para uso em construção civil, em geral, tem qualidade inferior para concretos e, por isso, o seu uso potencial se dá em estruturas de menor requisito. O procedimento mais usual é utilizar o entulho tratado em concretos não-estruturais (guias e sarjetas) e sub-base de pavimentos rodoviários. Essa inferioridade é conseqüência da dificuldade em se identificar a procedência do material, que pode ser muito heterogêneo, impossibilitando um controle de qualidade apurado.

Em termos de política pública para incentivar a reciclagem, Hamassaki avalia que houve um avanço significativo nesses últimos dois anos. “A efetivação de uma resolução federal 307 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) estabelece que os municípios não devem mais destinar o entulho para seus aterros oficiais, o que obriga as prefeituras a certas ações como obrigar o construtor a apresentar um plano de gerenciamento de seus resíduos”.

No entanto, para que o processo se torne viável, o pesquisador considera fundamentais a realização de medidas complementares pelo Estado. Por exemplo, atingir o pequeno usuário que faz uma reforma ou constrói uma casa. “Boa parte de um entulho urbano é gerada por este tipo de ação. Campanhas educacionais, com a divulgação de procedimentos normativos para que se evite lançar este tipo de resíduo em locais impróprios e uma fiscalização mais eficiente das deposições em locais não autorizados de caçambas transportadoras de entulho são exemplos do que as prefeituras podem fazer para efetivar o processo”, aponta o pesquisador, que é autor do item sobre reuso do entulho no "Manual de Gerenciamento Integrado do IPT.

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