“É essencial criar espaços na graduação para discussões sobre a cultura audiovisual”, conclui Maria do Carmo Almeida em sua tese de doutorado, segundo a pesquisadora, os meios audiovisuais ainda estão presentes nas formações de professores principalmente como aparatos técnicos que complementam as disciplinas, mas não como objetos de discussão.
De acordo com ela, “o cinema pode proporcionar um aprendizado que em geral é deixado em segundo plano: aprendizagem do sensível”. Para ela, isso ainda está muito pouco presente nas salas de aula, bem como as discussões sobre a “cultura da mídia”, que, mesmo fazendo parte das nossas vidas, ainda não é tão abordada quanto poderia.
Maria do Carmo coloca também que buscou estimular em sua pesquisa o contato com filmes de diferentes gêneros e cinematografias. Afinal, a maioria das pessoas, bem como aqueles que participaram de sua pesquisa, ainda tem boa parte de seu contato com o cinema baseado em produções comerciais que são exibidas nas grandes salas de cinema.
Após escolher filmes, no geral, desconhecidos e que tivessem linguagem e tratamento diferenciados, mas que não fossem difíceis de assimilar, a pesquisadora realizou uma experiência pedagógica nas Licenciaturas (Pedagogia e Letras) da Universidade de Taubaté. A atividade consistiu em exibir os filmes e, em seguida, realizar uma discussão com os alunos sobre os aspectos que lhes chamaram atenção. Segundo Maria do Carmo, alguns dos pontos mais interessantes observados foram a falta de familiaridade dos estudantes com os documentários e o cinema nacional, além do desconhecimento de características da linguagem audiovisual e a não percepção de que discutir a cultura audiovisual é, sim, assunto para as licenciaturas.
Com esse estudo, Maria do Carmo percebeu como é importante a mediação do professor para estimular o gosto dos estudantes por narrativas audiovisuais que fogem do convencional. Além disso, reafirmou a já citada importância de discutir o audiovisual e toda a “cultura da mídia” que nos cerca nas salas de aula, especialmente dos cursos de licenciatura, já que esses tiveram enfoque em sua pesquisa. “O cinema pode também, sobretudo, ter papel diferencial na educação sob um prisma mais humanizador por permitir que os futuros docentes vivenciem, na prática, uma educação integral que priorize uma aprendizagem não só dos aspectos cognitivos, mas também do sensível”.