A brita é um bem mineral muito usado na indústria da construção civil e para pavimentação, e possui um valor agregado muito baixo. Por causa disso, as mineradoras não fazem muitos investimentos em pesquisa antes de iniciar a lavra. Um estudo realizado no Instituto de Geociências (IGc-USP) analisou os principais tipos de rochas utilizados no Brasil para produzir brita e fez uma caracterização destes materiais, o que permite a otimização do processo de britagem, o aumento da qualidade do produto e a economia de recursos naturais.
O pesquisador Deyna Pinho selecionou, a princípio, as cinco principais regiões produtoras de brita do país: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro. Então, analisou a geologia destas regiões com base em mapas publicados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e por outras universidades. Esta etapa permitiu a identificação de matérias-primas para brita e foi, segundo Pinho, um grande desafio, pois “não há mapas [das regiões] em escala adequada para este estudo”.
A etapa de campo começou com a seleção de pedreiras e mineradoras de brita nas regiões destacadas, onde foram coletadas amostras das rochas utilizadas como matérias-primas do produto. “[Em seguida,] as rochas foram descritas petrograficamente (ou seja, de acordo com sua composição) de forma macro (a olho nú) e micro (com o uso de microscópio)”, explica. Alguns minerais de identificação mais difícil ainda foram analisados por uma técnica com raios-x.
Os resultados foram bastante satisfatórios. O primeiro deles, de acordo com Pinho, foi a compilação de mapas geológicos das cinco regiões estudadas, com a inserção de todas as pedreiras ali localizadas. Além disso, ele pôde detectar os principais tipos de rochas explorados para produção de brita no país e, em cada uma delas, ele identificou os principais minerais deletérios - mineirais que estão presentes na composição da rocha e podem produzir uma brita de alta qualidade ou até mesmo inutilizar a rocha para este fim.
Pinho considera que, conhecendo sua matéria-prima, o produtor de brita pode melhorar a qualidade de seu produto. “Para a sociedade, a melhora da qualidade da brita significa obras mais duradouras”, diz. “Para o meio ambiente, a otimização na produção de brita representa uma diminuição de material estéril”. E, consequentemente, de degradação ambiental.