ISSN 2359-5191

08/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 96 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Subproduto do cacau ajuda no preparo de chocolates com menos açúcar
“Mel de cacau”, além de substituir açúcar, também é antioxidante e possui mais vitamina C do que a polpa do fruto
Apenas 0,5% da produção de mel de cacau é aproveitada. Crédito: csanl.com.br

Ao invés do açúcar, mel de cacau. Essa substância ainda desconhecida por boa parte da população tem grande quantidade de açúcares redutores, como frutose, sacarose, entre outros, e pode ser utilizada na produção de chocolate doce para substituir parte do açúcar comum. O mel de cacau também possui considerável atividade antioxidante e fibras alimentares, além de índices altos de vitamina C. Essa análise foi feita a partir da pesquisa feita em colaboração entre pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

A exploração do cacau sempre esteve ligada ao uso de sua polpa enquanto o mel de cacau foi  e ainda é  praticamente desprezado. Segundo a professora Suzana Caetano, que coordenou a pesquisa, o mel de cacau é um subproduto do processamento inicial do cacau, antes de sua fermentação.

O sul da Bahia, a maior região produtora de cacau do país, vem sofrendo nos últimos anos com uma doença conhecida como “vassoura-de-bruxa”, que atinge principalmente as plantações de cacau e reduz drasticamente a produção e a extensão das lavouras. Por isso, a procura por alternativas de exploração total do fruto é cada vez maior. Apesar disso, o aproveitamento do mel de cacau não atinge 0,5% de toda a sua produção. Todo o resto é descartado. Para a professora Suzana, isso acontece por causa do “pouco conhecimento de suas propriedades, processamento e coleta”.

Atualmente, a utilização do mel de cacau se reduz à confecção de geleias e outros doces caseiros. Ele é mais aproveitado pelas microempresas das regiões de produção, principalmente no sul da Bahia, enquanto ainda é quase ignorado pela grande indústria. No ano passado, os pesquisadores da USP e da Uesb entraram com um pedido de patente sobre uma forma de confecção de chocolate utilizando o mel de cacau e com níveis menores de açúcar.

O produto praticamente não apresenta riscos a quem o consome. “O risco é mínimo, [existe] apenas para aqueles alérgicos a alguma substância presente [no mel de cacau]”, garantiu Suzana Caetano. O Brasil é o 6º maior produtor de cacau segundo dados de 2010 da Organização Internacional do Cacau, com 161 mil toneladas por ano. O país só fica atrás de Costa do Marfim (1,2 milhões de toneladas), Gana (632 mil toneladas), Indonésia (550 mil), Nigéria (235 mil) e Camarões (209 mil).

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