A palestra Cultura Popular, realizada no auditório da Faculdade de Educação da USP pela filósofa Marilena Chauí apresentou algumas ideias de seu livro recém-lançado Conformismo e resistência. A filósofa afirmou que o nosso atual conceito de cultura é segregador e restrito.
A palestra teve início às 20 horas em um auditório repleto de bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto (MTST) e começou com algumas pessoas do movimento tocando violão e cantando sobre a luta dos trabalhadores. Logo em seguida, todos foram convocados a ficar de pé para cantar o Hino dos Trabalhadores. Só então Marilena Chauí começou a falar sobre seu livro e sobre cultura popular.
A filósofa explicou a origem da palavra “cultura” e a definiu como “toda produção simbólica de uma sociedade”. Chauí mostra, porém, que quando a civilização se “apoderou” da cultura, restringiu seu significado e provocou a divisão cultural. A cultura superior seria as chamadas belas artes ou arte erudita. Já a cultura inferior seria as mitologias, o folclore. A primeira, é a cultura da elite; a segunda, popular.
Em um sentido mais restrito, explicou a filósofa, é a distinção dos cultos e dos incultos, quando cultura é referida aos indíviduos. Popular deixa então de ser aquilo que é reconhecido e apreendido pelo povo, mas aquilo que é mitológico, inculto. Dessa forma, a cultura popular é preterida em relação à cultura de elite.
Nesse sentido, segundo a filósofa, a cultura vem sendo usada há anos para aumentar ainda mais o abismo social entre o povo e a elite, já que a cultura de elite se torna hegemônica. Para Marilena Chauí, “é preciso ampliar nosso conceito de cultura” e acabar com essa divisão cultural que apenas aumenta as diferenças sociais em qualquer civilização.