ISSN 2359-5191

18/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 104 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Formação geológica Aquidauana (MS) sofreu influência de geleiras
Antes apenas uma hipótese, participação de geleiras na sedimentação foi confirmada

A Formação Aquidauana, que é parte da Bacia do Paraná e está localizada no Mato Grosso do Sul,  sofreu influência direta de geleiras em seu processo de sedimentação, de acordo com uma pesquisa realizada no Instituto de Geociências (IGc-USP). O estudo teve o objetivo de analisar a origem desta Formação; os ambientes em que ocorreu a sedimentação (rios, mares, desertos, etc) e os agentes responsáveis por ela (ventos, ondas ou marés, por exemplo).

A pesquisadora Ana Lúcia Gesicki, autora do trabalho, realizou levantamentos geológicos de campo e fez perfis das estradas e bordas de serras descrevendo os afloramentos de rochas da região. Além disso, ela coletou amostras das rochas representativas e as analisou em laboratório (utilizando difração de raios x e outros métodos). Os resultados, apresentados na dissertação Geologia da Formação Aquidauana (Neopaleozóico, Bacia do Paraná) na Porção Centro-Norte do Estado de Mato Grosso do Sul, foram significativos.

“Com os dados de campo e de laboratório foi possível dividir a Formação Aquidauana em três subunidades, com distintos ambientes e sistemas deposicionais, os quais se sucederam no tempo”, explica Gesicki. O que todos os três ambientes têm em comum é que todos se desenvolveram em um clima muito frio. De acordo com a pesquisadora, de tempos em tempos ocorriam avanços de grandes massas de gelo vindas do sul - as chamadas geleiras.

Antes desta pesquisa havia dúvidas sobre a participação direta ou não de geleiras no processo deposicional da Formação Aquidauana. Com os resultados do estudo, esta participação foi confirmada, e foram descobertos detalhes de como ela se deu. “Com este trabalho foi possível identificar pavimentos estriados, que são feições típicas de deslocamento de geleiras sobre o continente”, Gesicki diz. Ela observou que as geleiras se deslocavam do sul para o norte, e eram do mesmo tipo das que existem hoje na Antártica. “Descartou-se, assim, a possibilidade de a deposição ter sido feita por geleiras de montanhas muito altas, por exemplo como ocorre na Cordilheira dos Andes”, conclui.

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