São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores de todo o Brasil reuniram-se para discutir o futuro de seus trabalhos na Antártica. Foi levantada também a necessidade de maior promoção de suas pesquisas na grande mídia visando à obtenção de recursos. Eles se encontraram no XIII Simpósio Brasileiro de Pesquisa Antártica (SPA), que ocorreu recentemente no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo.
O encontro é o mais importante fórum nacional de ciência antártica, apresentando diversos trabalhos e pesquisas relacionadas ao continente. Em clima amistoso, cientistas da USP, UERJ, UFRGS, entre outras universidades, apresentaram os resultados de suas pesquisas mais recentes nas diversas áreas como meteorologia, oceanografia, geologia, paleontologia etc. Foram programadas atividades como sessões técnicas, orais ou com a utilização de painéis, ‘workshops’ sobre as redes de pesquisa e sobre a participação brasileira no IV Ano Polar Internacional (API).
Os estudos apresentados relacionam-se com a fauna encontrada na região, as características de solo, clima e hidrografia antártica, com destaque para o aumento de temperatura no continente - de 2 a 2,5°C - e o conseqüente derretimento de gelo polar. Dados sobre a influência de fenômenos como o El Niño no clima e atmosfera antárticos e seus respectivos desdobramentos também foram apresentados.
As geleiras cobrem cerca de 10% da superfície terrestre e influenciam profundamente as condições climáticas, a circulação das águas oceânicas e da atmosfera terrestre. O debate sobre a possibilidade da ocorrência de um aumento da temperatura global causado pelos gases do efeito estufa despertou atenção de pesquisadores e mesmo do público sobre o estado de equilíbrio da grande massa de gelo que recobre a Antártica. Isso porque o continente atua como o maior absorvente de calor da Terra e estimativas indicam que o derretimento do manto de gelo austral provocaria uma elevação de até 60m no nível do mar, com conseqüências catastróficas às populações litorâneas.
Redes de pesquisa
As redes de pesquisa são áreas temáticas fomentadas pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar) desde abril de 2004 para pesquisas na região da Ilha de Rei George, onde se localiza a Estação Antártica Brasileira “Comandante Ferraz”. Tratam-se de duas redes. A Rede 1 estuda as mudanças ambientais na Antártica e o impacto que elas têm em nível global. A Rede 2 é formada por um grupo de laboratórios de pesquisa que se debruça sobre as mesmas mudanças, mas está direcionado para as conseqüências locais que os fenômenos apresentam.
O futuro dessas redes foi discutido, tendo em vista a realização futura do API e as dificuldades de levantamento de recursos para pesquisa junto ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A educação e conscientização da população quanto à relevância da pesquisa antártica, bem como a tentativa de ‘lobby’ no congresso, foram sugeridas como estratégias de pressão para a obtenção de verba.