São Paulo (AUN - USP) - Entre mais de 200 propostas de pesquisa, a professora Ohara Augusto, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, conseguiu ter a sua entre as poucas escolhidas pelo programa “Institutos do Milênio”. A partir dessa aprovação, serão liberados fundos ao longo de três anos, somando um total de R$ 4 milhões.
“Institutos do Milênio” é um programa do Ministério da Ciência e Tecnologia. Criado para patrocinar pesquisas científicas estratégicas para o desenvolvimento do país, ele promove o redirecionamento de verbas originadas em empréstimos junto ao Banco Mundial. O programa utiliza a base estrutural já estabelecida no País e requer a integração nacional dos pesquisadores, o que estimula a desconcentração do conhecimento.
É o que acontece no projeto coordenado pela professora Ohara, onde estão envolvidos pesquisadores de todas as partes do Brasil. Individualmente, existem equipes espalhadas por vários Estados e que já detém boas análises concluídas e trabalhos em andamento. O objetivo agora é “buscar a congregação para melhorar as pesquisas no Brasil e garantir maior visibilidade ao estudo”, diz Ohara.
O objeto de pesquisa do grande grupo coordenado pela docente do IQ é a ação de radicais livres no organismo. Até determinado momento da história da química, essas moléculas foram vistas somente como agentes nocivos à saúde, pois colocavam em risco a estabilidade do organismo pela possibilidade de se recombinarem com outras moléculas do próprio organismo, alterando seu funcionamento. Porém, por volta do início da década de 90, o cenário começou a mudar quando se tornaram mais nítidas outras ações dos radicais: eles também são responsáveis, em muitos casos, por reações fundamentais ao metabolismo, preservando a vida.
O título da pesquisa é “Processo Redox: bases moleculares e implicações terapêuticas”. O resultado do estudo, que deverá ser concluído em três anos, é ampliar os fundamentos dessa área da Bioquímica e “averiguar as implicações”, explica Ohara. Não há nenhum comprometimento com a formulação de um medicamento específico, mas sim de estruturação de uma base científica.
Inicialmente, a proposta solicitava R$ 6 milhões e agora vai ter de cortar gastos. O dinheiro, ainda não foi entregue, mas servirá para financiar desde equipamento, até viagens e reuniões gerais para manutenção da convergência do estudo. Além disso, existem os gastos com materiais já que muitos experimentos serão realizados. 2005 é o segundo ano em que o programa distribui recursos e a primeira vez que a USP é atendida.