São Paulo (AUN - USP) - Reciclar alumínio utilizando o plasma térmico, tipo de gás em alta temperatura, como combustível renovável. Essa idéia foi desenvolvida no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e ganhou, no último mês de agosto, um dos prêmios de melhor trabalho no 2o Congresso Internacional do Alumínio.
Intitulado “Reciclagem do alumínio pelo uso de forno plasma: forno-piloto IPT”, o projeto foi financiado pela Fapesp com apoio da Associação Brasileira de Alumínio. A fase de pesquisas já foi finalizada e atualmente os pesquisadores precisam de recursos para a montagem da primeira montagem.
A inovação está em utilizar o plasma térmico no forno universal, que pode ser utilizado para um número maior de materiais, inclusive para a reciclagem. Segundo o pesquisador do IPT Antônio Carlos da Cruz, o processo apresenta inúmeras vantagens.
O plasma térmico é um gás ionizado a temperaturas elevadas, gerado pelo uso eletricidade com alto rendimento energético. No processo tradicional de reciclagem o alumínio já utilizado é fundido com o uso de combustíveis fósseis, gerando assim novas peças. Para a reciclagem ser econômica ela tem que ser eficiente, ou seja, não pode apresentar oxidação.
“Acontece que o alumínio, quando está na forma líquida e em contato com a atmosfera gera um excesso de metal, também conhecido como borra”, explica Antônio Carlos. Por isso se emprega um sal de cobertura na faixa de 100 a 400 quilos por tonelada de material reciclado.
No final do processo, com o alumínio já separado, sobram em geral óxidos, impurezas e sal. Essa é a chamada borra preta, um material destinado ao lixo industrial; ele não pode ficar a céu aberto, pois gera amônia e ainda pode pegar fogo.
Quando se utiliza o plasma térmico como fonte de energia, a combustão é gerada por energia elétrica, considerada limpa. O gás em alta temperatura caracteriza um quarto estado da matéria e pode chegar de cinco a quinze mil graus Celsius, enquanto a combustão tradicional gera dois mil graus.
Para Antônio Carlos a grande vantagem é que, em princípio, qualquer gás pode ser transformado em plasma através de uma descarga elétrica. Além disso, como a atmosfera é de plasma, não é preciso empregar o sal de cobertura. Isso garante um rendimento metálico de 98% e o fim da borra preta.
No forno de plasma se utiliza a energia na medida exata de que o processo necessita e não há eliminação de gás aquecido. Por isso, o custo da operação é extremamente competitivo e há maiores vantagens ambientais. Em contrapartida o custo do investimento inicial é relativamente mais alto. “Ainda é preciso tornar o produto mais acessível para o produtor secundário, pois são normalmente empresas menores e com dificuldade de capital”, enfatiza o pesquisador.