As eleições de 2014 encerraram-se no final de outubro, mas para a Sociedade Brasileira dos Profissionais e Pesquisadores de Comunicação e Marketing Político (Politicom) o debate eleitoral ainda tinha muito a render. Em parceria com o Politicom, a Escola de Comunicações e Artes (ECA) recebeu, na primeira semana de novembro, o XIII Congresso Brasileiro de Comunicação Política e Marketing Eleitoral. Sob o tema “mobilizações, eleições e democracia”, o evento buscou “ampliar debates sobre o papel da comunicação no espaço da democracia, apontando seus sucessos, limites e desafios”.
O encontro foi dividido em seis grupos de trabalho (GT): propaganda política e ideológica; marketing político e eleitoral; jornalismo político e eleitoral; imagem, opinião pública e democracia; comunicação política, pós-eleitoral e governamental; e pesquisas no âmbito da graduação.
Foram 13 artigos científicos apresentados no âmbito da graduação, desenvolvidos por estudantes de comunicação de universidades públicas e privadas oriundos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas gerais e Paraná.
Segundo Victor Kraide, diretor de Documentação e Tecnologia do Politicom e coordenador do grupo de trabalho, a “diversidade regional das instituições proporcionou uma boa cobertura nas regiões Sul e Sudeste, bem como em análises nacionais. No entanto, sentimos falta neste GT específico de recortes voltados às regiões Centro, Norte e Nordeste do país."
As abordagens temáticas foram diversas, como a formação de uma imagem antagônica do Brasil nos discursos dos presidenciáveis Dilma Rousseff e Aécio Neves no horário político eleitoral; a construção da imagem de Dilma Rousseff pelo jornal Folha de S. Paulo durante a Copa do Mundo no país; as estratégias de persuasão utilizadas nas redes sociais de Anthony Garotinho na pré-campanha governo estadual do Rio de Janeiro; a cobertura política em blogs no primeiro turno da campanha eleitoral de 2014.
Simone Carvalho, relatora do grupo de apresentação dos trabalhos e doutoranda pela ECA-USP em Ciências da Comunicação, observou um aumento substancial do papel das redes sociais digitais no processo eleitoral (e como esfera de debate) e do papel do cidadão – bem como seu reconhecimento como tal – na política do país.
A pesquisadora, ao analisar o que foi apresentado pelos trabalhos e pensando no panorama formado nos âmbitos da Comunicação Política e do Marketing Eleitoral, destacou alguns dos “limites e desafios” tratados no congresso.
A grande quantidade de meios de comunicação (incluindo os digitais) e a facilidade cada vez maior de uso dos mesmos geram uma capacidade que, segundo Simone, não está sendo usada com toda a sua força. Para ela, os limites éticos no que tange a comunicação eleitoral são de grande importância e poderiam ter sido melhor abordadas nos trabalhos. Por fim, destacou a própria produção científica e análise dos estudantes de comunicação como um sucesso na área.