São Paulo (AUN - USP) - Quase metade da cidade de São Paulo está infestada por cupins subterrâneos, segundo pesquisa defendida no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Se nada for feito a situação pode piorar. Com base nessas informações, realizou-se um mapeamento no bairro do Pacaembu para diagnosticar sinais da atividade desta praga. O objetivo era fazer um estudo-piloto, para depois caracterizar o problema na cidade como um todo e definir medidas preventivas.
“O bairro foi escolhido porque havia uma solicitação da Associação Viva Pacaembu junto à Secretaria do verde para o controle dos cupins”, explica Ligia Ferrari Torella di Romagno, pesquisadora responsável pelo projeto. O mapeamento abrangeu toda área tombada ao redor do estádio, entre as avenidas Sumaré e Angélica.
Durante quatro meses 163 edificações foram visitadas, dentre as mais de duas mil existentes no bairro. As árvores foram 100% inspecionadas. Neste trabalho foram analisados sinais típicos da presença desses insetos, como túneis de “terra”, materiais atacados e resíduos. Os dados coletados indicam que aproximadamente 75% dos imóveis apresentam ocorrência do cupim Coptotermes gestroi, também conhecido como subterrâneo.
Essa espécie alastra-se rapidamente, pois não possui inimigos naturais em São Paulo, eles são importados do sudeste asiático. “Eles têm uma grande capacidade de dispersão por pequenos espaços dentro de um imóvel e atacam primeiramente o madeiramento em contato com a alvenaria, podendo chegar sem problemas a uma estrutura de telhado”, explica Ligia.
Atualmente não há um trabalho de prevenção eficiente na capital, já que na maioria dos casos opta-se apenas pelo tratamento dos focos já localizados. A prefeitura é responsável apenas pela manutenção e substituição das árvores das vias públicas, o que não combate a disseminação da praga. Existe ainda o risco do tratamento nas residências não ser feito de forma correta, pois só com uma inspeção detalhada é que se pode fazer um trabalho adequado com o uso seguro de produtos químicos. Quando não se tratam todos os pontos ou não se usa os produtos corretamente, os cupins podem se espalhar ainda mais.
O mapeamento realizado no Pacaembu visou coletar dados para sugerir políticas preventivas para o ambiente urbano, “principalmente se o trabalho for estendido para as demais regiões da cidade”, enfatiza Ligia. Hoje não existe, por exemplo, a proibição de enterrar restos de madeira nos locais das obras, não há também inspeções periódicas ou uso de madeira tratada nas construções.
O próximo passo da pesquisa realizada pelo IPT é subsidiar obras e regulamentos para construção civil. Segundo a pesquisadora responsável, bairros novos poderiam adotar algumas medidas preventivas, mas o que se vê, infelizmente, são construções novas já com problemas de cupins. Mesmo antes da sua ocupação.