Foram analisadas a renda familiar, escolaridade e profissão dos pais, ou seja, variáveis de cunho cultural e econômico. Todas essas variáveis resultaram no que foi chamado de “fator socioeconômico”. Segundo a pesquisa, este fator influencia em 75% na nota das escolas no ranqueamento do Enem.

Ou seja, quanto melhor for a condição de vida dos alunos de determinada escola, maiores as chances de essa escola estar melhor classificada no ranking, mas não necessariamente pelo fato de a escola ser boa, mas porque os alunos têm as condições ideais para conseguirem bons resultados no exame.

Rodrigo argumenta: “Avaliar os resultados da escola é necessário, mas há sérios riscos quando se restringe tais resultados aos testes individuais, pois os testes não fornecem informações suficientes a respeito dos efeitos gerados pelas escolas nos alunos e na sociedade”.

É um grande desafio para os educadores, atualmente, proporcionar o pleno desenvolvimento de seus alunos e ao mesmo tempo prepará-los para o mercado de trabalho. Em sua dissertação, Rodrigo explica: “Educar é um trabalho artesanal, mesmo em uma sociedade industrial”.

Tendo esse desafio dos educadores como pressuposto, Travitzki investigou como o ranking de escolas do Enem contribui para a busca da qualidade na educação brasileira. Isso porque, segundo ele, muitas instituições utilizam exames desse tipo – como também o Ideb – para estabelecer suas práticas pedagógicas e nortear as ações da escola.

O Enem não é só utilizado como indicador de qualidade escolar, mas também como certificado para conclusão do ensino médio e como ingresso ao ensino superior. Sobre isso, Travitzki argumenta: “Como o Enem – diferentemente do Ideb – não se constitui um indicador desenhado especificamente com a finalidade de comparar escolas, é de fundamental importância que se investiguem suas potencialidades e limitações”.