ISSN 2359-5191

02/03/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 14 - Arte e Cultura - Escola de Comunicações e Artes
Sitcoms de câmera única criam comicidade diferente da convencional
Arrested Developmente foi o principal sitcom de câmera única estudado pelo pesquisador

A criação da comicidade em sitcoms de câmera único foi o foco da tese de doutorado do pesquisador Christian Pelegrini, defendida na Escola de Comunicações e Artes da USP. Tendo como objeto de estudo principal o programa Arrested Development, ele analisou como, nos siticoms de câmera única, a forma como os elementos são mostrados e a mediação de um “sujeito da enunciação” contribuem para gerar o riso dos espectadores.

A forma mais tradicional de filmar um sitcom é com o modelo de três câmeras, do qual I Love Lucy é um exemplo clássico. Entretanto, um modo diferente, e que chamou a atenção de Pelegrini, foi a produção feita com apenas uma câmera. Comparando os dois, ele notou diversas variações de estilo, mas, principalmente, que se alterava o modo de produzir humor.

“Nos sitcons convencionais, rimos da comicidade presente nos fatos narrativos e nos diálogos. Rimos de seu conteúdo. Nos sitcons de câmera única, acabamos rindo da forma como tais elementos nos são mostrados, ou melhor dizendo, das formas, pois ao contrário da enunciação no sitcom de três câmeras, em que há muito menos variação na forma, os sitcons de câmera única acabam constituindo, cada um, um "sujeito" com uma personalidade diferente”, colocou o pesquisador. Partindo dessa percepção, Pelegrini decidiu analisar como é a criação do humor nos sitcoms desse tipo, tendo com foco em Arrested Development, que foi o objeto principal de seu trabalho.

Para isso, analisou melhor o que é o tal “sujeito da enunciação” que parece existir nas produções com câmera única. Concluiu que é como um personagem que faz a mediação entre o universo mostrado na televisão e o telespectador, ele é “um ente que dá ao espectador os sons e imagens do cinema e da TV”, diferente de um narrador, já que “opera linguagens que vão muito além do verbal e não nos conta uma história passada, mas ele está lá enquanto ela acontece; a história é presente”, afirma o pesquisador.

Assim, ele concluiu que a criação da comicidade se dá de um modo diferente, pois a presença e os modos de ação desse sujeito tornam os elementos muito mais engraçados do que se esses simplesmente fossem colocados de forma neutra.

A discussão proposta e essa compreensão do que é o “sujeito da enunciação” são importantes, segundo Christian, para toda a realização audiovisual, não apenas para os Sitcoms. O pesquisador espera que as conclusões as quais chegou sejam interessantes para qualquer um interessado em comédia ou audiovisual em geral, e para aqueles que queiram compreender melhor “como se constrói essa capacidade de imagens e sons provocarem em nós essa resposta tão primitiva e ao mesmo tempo tão racional quanto o riso”.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br