ISSN 2359-5191

24/04/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 25 - Arte e Cultura - Escola de Comunicações e Artes
Pesquisa resgata legado cultural de Yolanda Penteado
Ao lado do marido Ciccillo Matarazzo, mecenas paulista teve importante atuação na gestão de artes
Yolanda Penteado foi grande incentivadora da arte. (Fonte: Wikipédia)

Yolanda Penteado (1903-1983) foi uma figura muito importante para a arte brasileira. Pertencente a uma tradicional família da aristocracia paulista, foi mecenas, colecionadora e atuou na criação da Bienal de Arte de São Paulo e de diversos museus do Brasil. É possível dizer que ela foi, afinal, uma grande gestora cultural, dedicada principalmente à arte moderna. Seu legado cultural e a trajetória como gestora de artes, especialmente entre os anos 1940 e 1960, foi estudada pelo pesquisador Marcos Mantoan em sua tese de doutorado, apresentada à Escola de Comunicações e Artes da USP.

O pesquisador conta que Yolanda teve importante papel na criação de museus como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e o Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), além de ter colaborado com a implantação do Museu de Arte de São Paulo (MASP), do qual chegou a ser diretora, e de diversos museus regionais espalhados pelo Brasil.

No caso do MAM, inaugurado em 1949, ela e o marido, Ciccillo Matarazzo, não só foram idealizadores da instituição como doaram para o primeiro acervo obras pertencentes à coleção pessoal do casal. Alguns anos depois, em 1962, o museu foi extinto temporariamente e seu acervo foi repassado à Universidade de São Paulo, dando origem ao MAC-USP. O MASP e os museus regionais foram fruto de parceria entre Yolanda e o empresário Assis Chateaubriand, com quem ela manteve forte amizade ao longo de toda a vida.

Mantoan também destaca que foi Yolanda uma das idealizadoras da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, criada em 1951 e inspirada na até então única Bienal do mundo, a de Veneza. A primeira edição do evento foi um sucesso, reunindo 1.800 obras e atingindo um público de 100 mil pessoas em dois meses. Já na segunda bienal, em 1953, Yolanda conseguiu um grande feito: convenceu Pablo Picasso a liberar uma de suas mais importantes obras, Guernica, para ser exposta no Brasil. Na época, a tela integrava a reserva técnica do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA). Hoje, não pode sair do Museu Rainha Sofia, na Espanha. “Yolanda nos deu esse privilégio de ter Guernica em solo brasileiro”, ressalta o pesquisador.

Tal realização mostra a grande influência que Yolanda possuía no meio artístico, o que permitiu que atuasse nas “relações internacionais” da organização das bienais. “Para você ter uma ideia, o presidente Getúlio Vargas abriu as portas das embaixadas no exterior para que Yolanda, juntamente com a ajuda de Maria Martins, convencesse os países a trazerem suas delegações internacionais para o Brasil”, explica o pesquisador. Tudo isso só foi possível graças à extensa lista de contatos de Yolanda, que transitava muito bem entre artistas, políticos e empresários.

Outra contribuição de Yolanda destacada por Mantoan diz respeito à profissionalização dos montadores de exposições, que só foi possível a partir das bienais. “Antes da bienal, as exposições eram montadas pelos artistas e alguns voluntários.”

A pesquisa e a (re)descoberta de Yolanda

Toda essa pesquisa teve um significado afetivo para Mantoan, que também é gestor cultural e atuou na área por muitos anos no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). Ele explica que sua identificação com Yolanda vai além da carreira profissional e da relação com a arte: seus pais foram empregados dela na fazenda Empyreo, localizada na cidade de Leme, no interior de São Paulo.

Quando foi fazer sua pesquisa de doutorado, já sabendo que gostaria de trabalhar a biografia de um grande ícone da gestão cultural, a orientadora Elza Ajzenberg sugeriu alguns nomes. Um deles foi o de Yolanda Penteado. “Nesse momento tudo se encaixou na minha cabeça”, conta. Assim, em sua pesquisa, além de consultar arquivos e biografias, Mantoan pôde entrevistar seus próprios pais e também outras pessoas que conviveram com Yolanda, como a artista Maria Bonomi. “Fui descobrindo Yolanda ao longo da pesquisa. E isso foi, sem dúvida, uma grande experiência.”

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