São Paulo (AUN - USP) - A questão do financiamento às propostas de pesquisa enviadas ao 4° Ano Polar Internacional (API) que ocorrerá entre março de 2007 e março de 2009, suscitou um debate acalorado entre os pesquisadores, com expectativas divergentes a respeito do apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).
Apesar da inclusão do API na agenda de pesquisa brasileira de 2006, os cientistas vêem a necessidade de maior integração e articulação da classe na garantia de recursos. A estratégia deve abranger desde uma maior divulgação da importância dos estudos antárticos até a tentativa de ‘lobby’ no Congresso na aprovação de emenda parlamentar que garanta recursos para o ano que vem.
A comunidade científica brasileira já iniciou os preparativos para o 4º API. Os pesquisadores trabalham para definir uma agenda de pesquisa polar comum e direcionada, além de participar de diversas conferências preparatórias até a realização do evento. Em sessão realizada no XIII Simpósio Brasileiro de Pesquisa Antártica (SPA), eles discutiram a necessidade de ações práticas na captação de verbas.
A organização do fórum garante apoio e endosso às propostas aprovadas, mas não o financiamento necessário. A caça a recursos deve ser promovida através de uma maior conscientização do público leigo sobre a importância das pesquisas no continente antártico e a influência deste no clima terrestre. “Não basta só os cientistas saberem disso. A Antártica está mais próxima da região sudeste e sul do país do que a Amazônia”, disse Lúcia de Siqueira Campos, coordenadora da sessão de debate no simpósio sobre o próximo API.
Juntar esforços com outros países membros, através das redes internacionais, é outra das propostas de ação para a otimização de recursos. As parcerias com a Índia e África do Sul também foram discutidas. Parte dos requisitos do fórum para a aprovação das propostas de pesquisas, trata da apresentação de um plano de estrutura organizacional viável, logística e financeiramente. O Brasil enviará quatro propostas até janeiro de 2006 – prazo-limite para o envio de trabalhos. O país terá cientistas envolvidos em mais de 11 propostas.
A ausência de representante do MCT à sessão foi pontuada pelos presentes. O representante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – fundação vinculada ao MCT para o apoio à pesquisa brasileira – defendeu o caráter fomentador da fundação e prometeu a apresentação de uma carta, que já estava sendo elaborada pelos cientistas, ao Ministro Sergio Rezende. “A questão é se o Brasil vai encarar ou não o API como programa de governo”, concluiu Jefferson C. Simões, membro do Comitê Deliberativo do Centro de Pesquisas Antárticas da USP.