ISSN 2359-5191

08/05/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 32 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Marcadores específicos auxiliam avaliação de resultados de câncer
Estudos testaram novas formas para avaliação do tratamento do câncer de reto
O uso de marcadores específicos tornou mais simples a avaliação das respostas ao tratamento.

Uma nova abordagem com o uso de marcadores biológicos específicos detectados a partir de DNAs tumorais trouxe resultados mais claros sobre a resposta de tratamentos de câncer de reto. Essa foi a conclusão da pesquisa desenvolvida por Elisa Donnard em sua tese de doutorado para o Instituto de Química.

A partir de alterações no DNA presentes no tumor do câncer de reto, foi possível utilizá-las como marcadores biológicos para investigar se os resultados obtidos após o tratamento conseguiram ser eficazes. A verificação da abordagem se tornaria mais simples e mais precisa, sendo possível evitar etapas posteriores do tratamento, que poderiam ser desnecessárias em determinados casos.

A utilização de marcadores biológicos específicos e personalizados para cada um dos pacientes tem a grande vantagem da precisão em saber se o tratamento ocorreu bem ou não. Caso não seja detectado o DNA tumoral, é possível constatar que o câncer pode ser dado como curado e, nos casos contrários, seria necessário avaliar a situação do paciente novamente para verificar o que aconteceu. Os métodos atualmente utilizados, que geralmente envolvem exames de toque ou de imagem, não determinam com certeza se a quimioterapia, a intervenção mais comum nestes casos, deu resultados positivos.

O maior ganho com o resultado mais preciso seria evitar que sejam realizadas cirurgias de retirada do reto que, em alguns casos, poderiam ser dispensáveis, mas são feitas como uma alternativa ao tratamento. Ao evitar que o paciente tenha que obrigatoriamente fazer a operação, o paciente é poupado de prejuízos permanentes, não apenas estéticos, mas também funcionais.

A utilização dos marcadores biológicos específicos pode também ser aplicada a outros tumores além dos retais, mantendo a estratégia da análise específica dos genomas tumorais independentemente do genoma normal. Todavia, ela é mais útil nos casos mais avançados da doença, pois há uma maior presença do DNA tumoral, o que facilita a detecção dos marcadores biológicos.

De acordo com Elisa, apesar de o custo da abordagem ser mais alto, o resultado se torna vantajoso devido à sua precisão. Assim, investigando apenas o genoma com a biopsia do tumor, e não em conjunto com o genoma normal como é feito atualmente, se manteve baixa a quantidade de falso-positivos que afetam os resultados obtidos, tornando a investigação mais viável e reduzindo os custos pela metade.

A pesquisa também descobriu uma grande quantidade de novas mutações em células de tumores retais, que ainda precisam ser explorados e pesquisados. Eles podem ser utilizados como futuros alvos terapêuticos para ser investigados, sendo uma alternativa viável para a cura em pacientes que não reagiram ao tratamento convencional.

Próximos passos

O novo método para a análise com marcadores biológicos específicos dos tumores retais já está acessível na página do grupo, que permite a sua utilização por grupos de outras partes do mundo, sendo aplicado em outros estudos personalizados sobre câncer.

Em breve, estará disponível uma adaptação da plataforma de análise denominada Galaxy, que pretende tornar as abordagens personalizadas mais acessíveis para hospitais e para grupos sem experiência computacional, podendo ser aproveitados para melhorar os tratamentos disponíveis nestas situações.

Os medicamentos propostos na investigação das novas mutações dos tumores retais já podem ser testados em pacientes, uma vez que são utilizados em outros tipos de câncer, podendo ser aproveitadas para tratamentos em humanos. “Podemos também testar estas drogas nas mesmas linhagens celulares que sequenciamos, e observar o resultado do tratamento, confirmando seu potencial para a terapia em pacientes”, afirma Elisa.

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