Um projeto de pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (USP) buscou associar alcoolismo, depressão, ansiedade e estresse a fatores sociodemográficos em 1.239 trabalhadores da área técnico-administrativa de uma instituição de ensino superior do interior de São Paulo. O estudo revelou taxas de alcoolismo (13,2%) um pouco menores que as nacionais (16%), mas presença de sintomas de ansiedade (20,3%) e depressão (21,9%) consideravelmente maior que no resto da população (as taxas nacionais giram entre 8% e 18% para o primeiro fator e 3% e 11% para o segundo).
“São frequentes os relatos de funcionários sobre problemas psicológicos e emocionais”, afirma Edilaine Gherardi-Donato, professora responsável pela iniciativa, ao ser questionada sobre a escolha do ambiente univers itário. “Ela reúne trabalhadores com uma ampla variedade de contexto laborais e de características sociodemográficas”.
Foi demonstrado que relações pessoais saudáveis com os colegas são essenciais para uma boa saúde mental, mesmo que haja grandes demandas psicológicas e pouco controle sobre o trabalho exercido. “Esse ambiente socialmente engajado e de apoio mútuo parece amortecer a pressão e a falta de poder decisório”, comenta a pesquisadora. “Sabemos que as reações desencadeadas pelo estresse estão muito mais relacionadas à percepção que a pessoa tem da situação do que à própria situação”, o que justifica a importância do apoio dos pares e superiores.
Outro fator essencial para a satisfação profissional é algum grau de controle sobre o trabalho exercido. Embora não supere a influência do ambiente citada acima, a autonomia para tomar decisões gera envolvimento com metas mais desafiadoras. Essas ampliam o leque pessoal de estratégias e habilidades que colaboram com o combate ao estresse.
Os servidores públicos relataram trabalhar sob baixa demanda psicológica e baixo grau de exigência. O uso problemático de álcool e as altas taxas de ansiedade foram, associados a apoio social inadequado e baixo controle sobre o trabalho, os responsáveis pelos piores indicadores de saúde mental verificados na pesquisa. “A literatura aponta que falta de estabilidade, período noturno, ausência de intervalos, alta demanda psicológica, baixo controle sobre o trabalho executado e baixo apoio social são condições que conferem maior risco de adoecimento ao trabalhador”, afirma Edilaine.
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