O MAV (Museu de Anatomia Veterinária da USP), em parceria com a Autopista da Régis Bittencourt, elaborou um guia temático para professores. A cartilha contém informações sobre o museu e suas potencialidades educativas em escolas. O desenvolvimento se deu a partir de experiência com duas escolas e em quatro etapas: treinamento dos professores, visita ao museu, atividade em sala de aula e, por fim, o feedback.
O projeto surgiu em 2014 com o objetivo de atender grupos do Vale do Ribeira e estender a ação educativa do museu para outras regiões. Para isso, foram selecionadas duas escolas participantes da iniciativa de educação ambiental da Autopista: Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Santa Rita de Cássia e Escola Municipal de Ensino Fundamental do Bairro do Engano.
Mauricio Candido da Silva, idealizador do guia e especialista em Museologia, montou uma equipe com mais duas pessoas: Laís Allana Lima de Oliveira e Ana Paula da Cruz Leite, duas estagiárias do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza, na EACH (Escola de Artes e Ciências Humanas). A partir disso, foi feita uma visita às escolas para dar início ao guia.
O intuito da cartilha é "subsidiar os professores com temas relacionados ao museu, para que eles possam fazer essa abordagem em sala de aula, o que a gente chama de pré-visita ao museu", explica Mauricio. Então, era necessário fazer um cruzamento entre os temas apresentados no MAV e a grade curricular do Ensino Fundamental I (público alvo do guia até então). Por exemplo, assuntos como preservação ambiental e classificação básica de animais foram incluídos. Com isso, elencou-se possíveis exercícios para serem desenvolvidos tanto em sala de aula (antes e depois da ida ao museu) quanto no MAV durante a visita. E, ainda, foram feitas sugestões de leitura para os professores. Tudo isso para "mostrar que o museu é muito mais do que ilustrar aquilo que ele vive em sala de aula", conta Mauricio, "existe um potencial educativo que é feito com base no objeto".
Para a realização da próxima etapa, as professoras dos colégios optaram por deixar as estagiárias conduzirem as visitas. Por serem agentes externos aos da sala de aula, quebram um pouco a estrutura rígida associada ao ambiente escolar.
As crianças conheceram parte do museu e do hospital veterinário. O segundo foi incluído porque durante o treinamento, surgiu um ponto importante a ser tratado nas visitações: a saúde e o bem estar animal. Assuntos como raiva, alimentação dos animais de consumo humano (o que eles podem ou não comer), caça e extinção de espécies foram bastante abordados.
Foram dois dias de visitas, uma escola em cada dia, e os pesquisadores puderam perceber diferentes comportamentos de um para o outro. Por exemplo, no primeiro dia, as crianças levaram aparelhos eletrônicos para fotografar e, eventualmente, anotar algo que julgassem importante. Já no segundo dia, ninguém portava nenhum dispositivo, todos carregavam blocos de anotações. E isso foi abordado durante o feedback com as professoras, como conta Mauricio: "o que a gente pode deduzir, porque isso não veio de forma tão clara, é que havia alguns alunos que não tinham esses aparelhos, então ficou uma coisa meio competitiva entre eles". Com isso, foi decidido que haveria uma padronização.
A experiência do ano passado com essas duas escolas serviu como piloto para o projeto, que visa ser um curso perene para professores. Foi a partir dela que o grupo tirou as diretrizes para o aprimoramento e a estruturação do guia definitivo e do curso. Portanto, será feita uma atualização da cartilha já existente. A transferência do guia do digital para o impresso configura uma das mudanças inclusivas da nova edição. "A gente viu que isso era um problema quando fizemos sugestões de leitura e [as professoras] disseram que não tinham como acessá-las porque não possuíam internet", explica Mauricio.
Além disso, o projeto visa também abranger mais faixas etárias: Fundamental II e Ensino Médio. A ideia é que o guia seja um produto com múltiplas possibilidades de uso.