Estudo reconstituiu o regime de chuvas dos últimos 5.500 anos da Colômbia, na América do Sul, e notou que tanto o oceano Atlântico como o Pacífico exercem influência sobre seu clima. Era esperado que o Atlântico fosse mais determinante. Os resultados foram concluídos no mestrado de Veronica Marcela Ramirez Ruiz, do Instituto de Geociências (IGc/USP).
A pesquisa consistiu em realizar datações de 15 estalagmites do interior da caverna de Caracos, em El Peñon, Colômbia. Essas rochas têm alta taxa de crescimento pelo gotejamento da água, rica em carbonato, que penetra pelo subsolo e carrega informações da chuva. Por meio da datação com urânio feita na China e nos Estados Unidos, Veronica conseguiu distinguir o índice das chuvas ano a ano.
Os dados apontaram ciclos de mudanças climáticas: são mais longos sob influência do Atlântico, com média de 32 anos, e mais curtos quando influenciados pelo Pacífico, com 5 anos. Recentemente, os ciclos têm sido mais curtos, com influência do Pacífico.
Os resultados foram relacionados a pesquisas semelhantes feitas em outros países da região, como Venezuela, Peru e México. “Todos contam a mesma história”, disse Veronica. Cruzando esses dados, ela pôde identificar o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ITCZ), banda de nuvens nos trópicos. Quando a ITCZ se aproximava do sul, sobre a Colômbia, o clima se caracterizava como mais úmido.
No geral, Veronica distinguiu eventos como a Anomalia Climática Medieval (1200-1800), período mais seco, e a Pequena Idade do Gelo (1500 - 1800), mais úmido e frio, com mudanças bruscas. A pesquisadora também notou mudanças após o período industrial, século 19, até hoje. Além disso, segundo ela, os fenômenos El Niño e La Niña ainda têm grande peso no clima colombiano.
Em sua tese de doutorado, devem ser aprofundados os mecanismos naturais que têm influência sobre o clima da Colômbia, de 500 mil anos atrás até a atualidade.