São Paulo (AUN - USP) - “Garibaldi não é um herói de folhetim, ele é um herói autêntico e nacional”, disse o professor Sedi Hirano, pró-reitor de Cultura e Extenção da USP, na abertura da Jornada Internacional “Múltiplos Olhares sobre Giuseppe Garibaldi”, realizada recentemente na Faculdade de Ciências Sociais da USP. Hirano fez uma alusão à questão da imagem brasileira de Garibaldi ter sido construída pela minissérie da Rede Globo “A Casa das Sete Mulheres”. Segundo o professor, Garibaldi é um personagem mais profundo, um herói de dois mundos, que deveria ser conhecido melhor pelas pessoas.
Alfredo Bosi, professor de Literatura Italiana da USP, também presente ao evento esclareceu que Garibaldi é um nome, mas não uma referência histórica precisa. O professor declarou estar muito feliz por participar do evento por se sentir ligado ao tema, mas sente tristeza pela visão que se formou de Garibaldi na cultura de massa.
O cônsul geral da Itália Marco Marsilli, também presente ao evento, fez eco aos professores Hirano e Bosi e tentou, em sua fala, dimensionar a importância desse italiano. Para Marsilli, Garibaldi foi uma figura de destaque, um “personagem universal, generoso e democrata”. O cônsul explicitou ainda como o revolucionário ficou marcado de formas diferentes na perspectiva italiana e na brasileira. Na perspectiva européia, ficou na memória pelo papel na Unificação Italiana, já na visão brasileira, permaneceu sua participação na Revolução Farroupilha.
Marsilli ressaltou também que Garibaldi atingiu uma popularidade rara na história, chegando a ser conhecido em países distantes da Itália, como a Inglaterra e o Brasil.
“Garibaldi é um personagem ímpar da história, carismático, lutou pela liberdade dos povos [não de uma nação em particular]” relatou emocionada a professora Yvonne Capuano, médica e escritora do livro “Garibaldi no Brasil”. Yvonne, descendente de italianos, disse gostar de fazer pesquisa histórica por “hobby” e se sente muito ligada a esse personagem em especial. Em sua fala, ela contou à platéia um pouco da biografia de Garibaldi, ressaltando detalhes e o lado humano do revolucionário.
Yvonne revelou que só em um ponto sua admiração por Garibaldi falha, por discordar de uma declaração dele. Garibaldi classificava os seres humanos em dois grupos: egoístas e idealistas, os primeiros lembrados pela história, já os segundos mal compreendidos e esquecidos. Yvonne discorda, afinal, disse ela, “este evento é em memória de um idealista”.