ISSN 2359-5191

09/10/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 95 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Compostos de frutas nativas diminuem gordura do corpo
Além disso, eles também aproveitam melhor açúcar presente no sangue
Cagaita, um dos frutos estudados por Carlos Mario

Comer frutas nativas brasileiras diminui duas coisas no corpo: a quantidade de açúcar no sangue e a gordura acumulada no corpo. Este foi o resultado parcial de uma pesquisa desenvolvida por Carlos Mario Donado Pestana, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Junto de sua equipe, liderada pela professora Maria Inés Genovese Rodriguez, ele estuda a composição de compostos fenólicos presentes em frutas nativas brasileiras como jabuticaba, camu-camu, cupuaçu, entre outras que, além de serem baratas, são consumidas todos os dias por muita gente no Brasil inteiro. Carlos Mario está estudando a cagaita, encontrada no cerrado brasileiro, e o cambuci, que deu nome a um bairro da Zona Sul de São Paulo, mas é típico da Mata Atlântica.

O doutorado de Carlos, que é engenheiro agrônomo formado pela Universidad Católica de Colombia, começou em 2012, ainda não terminou, mas já alcançou resultados muito interessantes. Foram realizados testes com camundongos. Um primeiro grupo de animais recebeu uma dieta rica em gorduras e açúcar e, ao mesmo tempo, recebeu injeção dos compostos fenólicos da cagaita. O pesquisador percebeu que houve uma diminuição do ritmo de ganho de gordura pelos animais e uma redução também do tecido adiposo – o que fez os animais perderem peso. A gordura do corpo estava sendo eliminada nas fezes dos ratos.

O segundo grupo de camundongos também recebeu, simultaneamente, uma dieta rica em gorduras e açúcares, e compostos fenólicos do cambuci. Os ratos continuaram gordos, mas houve uma diminuição da quantidade de açúcar no sangue dos animais. Os pesquisadores descobriram isso depois de realizar um teste de tolerância a glicose. Os camundongos ficaram durante algumas horas em jejum e, depois, receberam uma carga de glicose. Foi avaliada então a forma como o corpo dos animais utilizou esse açúcar que fica vagando pela corrente sanguínea do animal. Os ratos que receberam os compostos fenólicos do cambuci realizaram um controle do açúcar no sangue com maior eficiência, e aproveitaram melhor a glicose do corpo. Além disso, houve um aumento da quantidade do chamado colesterol bom, HDL, e diminuição do ruim, o LDL.

Os resultados alcançados até agora já foram publicados na Food Research International, prestigiada publicação científica canadense da área de ciência dos alimentos. Os próximos passos da pesquisa de doutorado de Carlos Mario são auspiciosos: “até aqui nosso estudo tinha o caráter preventivo; estamos agora realizando testes para tratamento, ou seja, para tratar camundongos que estão recebendo primeiro dietas ricas em gordura e açúcares para depois, na sequência, manipular os compostos fenólicos”, explica. 

O pesquisador colombiano, junto de sua equipe, apresentou o projeto de pesquisa em um evento no estado do Pará, na região norte do país, e ouviu o depoimento de uma mulher que já usa as cascas do cambuci para fazer o controle do açúcar em seu sangue. “Nossa pesquisa pretende ajudar essas pessoas para que elas saibam o que estão consumindo e para quê servem esses alimentos”, conclui.  

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