ISSN 2359-5191

13/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 03 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Motivações ideológicas deixam Noruega fora da EU
O professor norueguês Berge Furre lança seu livro e conta à platéia um pouco sobre a história de seu país

São Paulo (AUN - USP) - A Noruega recusou-se a entrar para a União Européia principalmente por motivos ideológicos, é o que explicou o professor norueguês Berge Furre, fundador do Partido Socialista Norueguês, membro do Comitê do Prêmio Nobel e professor na Universidade de Oslo. Ele conduziu a palestra “Noruega: a construção histórica do Estado do Bem-estar Social” no dia 21/03 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São Paulo). Furre justificou a ausência do país no bloco econômico ao dizer que “a Noruega queria defender uma sociedade que não acentuasse as diferenças sociais”.

O professor, que no mesmo dia lançou seu livro “História da Noruega” no Brasil, disse acreditar que essa influência da tradição histórica da “democracia de raiz” e de uma sociedade de cooperação entre diferentes classes sociais foi a mais forte razão para o país não participar do bloco. Esclareceu ainda que não foi a única motivação norueguesa, já que o país também quis defender sua agricultura, pesca e produção de petróleo e gás natural.

Nas duas horas de encontro, Berge Furre fez uma breve descrição da história de seu país e, com participação intensa da platéia, traçou paralelos entre as realidades brasileira e norueguesa.

A Noruega, comparada ao Brasil, é um país pequeno, com apenas 4,5 milhões de habitantes, concentrados no leste do país e principalmente na capital, Oslo. Nas palavras do professor, um país do frio e da neve, que tem somente 2% de sua área de terras cultiváveis. Até os anos 70, sua economia baseava-se principalmente na pesca e na pequena agricultura. Nessa década, foram descobertos o petróleo e o gás natural que alcançaram uma participação de 5% do PIB nacional e trouxeram crescimento econômico ao país.

O país optou porém por uma economia plural, fez-se um esforço para não baseá-la somente no petróleo. A Noruega seguiu ainda o caminho de centralizar a renda no Estado, através dos impostos, renda esta que é revertida em serviços para a população. Esse processo é o pilar do Estado de bem-estar social.

Hoje, o país é considerado o melhor país para se viver, com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, que varia de 0 a1) 0,934, renda per capita anual de 34 mil dólares. A Noruega conquistou educação e saúde públicas de alto nível para a sua população, além de diversas políticas de assistência social.

Furre tem orgulho de seu país, mas acha que há pouco estímulo aos jovens, poucos desafios que os levem a estudar e a se desenvolverem, já que o país alcançou um padrão tão alto de vida.

O professor, nas palavras da tradutora de seu livro, é um exemplo de perseverança. Aprendeu português aos 60 anos de idade e conduziu toda sua apresentação nessa língua, que ainda não considera ter fluência. Esteve em acampamentos do MST (Movimento Sem Terra) em suas visitas ao Brasil. Muito ligado ao sindicalismo, que também é uma tradição forte em seu país, Furre disse admirar muito esse movimento brasileiro de “pessoas pobres de muita dignidade”.

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