Estresse, depressão, assédio moral e baixa autoestima são alguns dos problemas enfrentados pelos trabalhadores das agências bancárias. Essa é uma das conclusões do pesquisador Leonardo Ostroff em seu estudo Menos metas, mais saúde: um estudo sobre o sindicato dos bancários de São Paulo, publicado pela FFLCH-USP (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo).
Acompanhando a rotina dos trabalhadores, a pesquisa investigou as causas dos principais problemas que afetam os profissionais nas agências bancárias. Além disso, Leonardo avalia a atuação dos sindicados no combate a esses problemas em um contexto histórico e também atual.
Na raiz dos principais problemas que afetam os trabalhadores nas agências está a transformação do bancário em “vendedor”, na década de 1990. “Devido à conjuntura econômica da época, foram criadas estratégias pra aumentar a produtividade, como o sistema de metas, e o assédio moral se tornou uma ferramente de gestão”, conta.
De acordo com o estudo, a pressão psicológica e a exposição passaram a fazer parte da rotina das agências por meio de rankings e necessidade de cumprir metas, o que ocorre até hoje. Embora essas estratégias gerem bons resultados para a empresa, o pesquisador ressalta que elas podem prejudicar seriamente a saúde mental dos trabalhadores.
“Quando o funcionário cumpre metas, ele se sente vencedor e é recompensado. Se não, é exposto, se sente fracassado e vulnerável”, diz Leonardo. “Esses sentimentos podem se introjetar em suas mentes e acabar afetando inclusive a vida pessoal. O que gera estresse, depressão e outros problemas”.
Frente à pressão cotidiana, a possibilidade de denúncia nas agências ainda é pequena, daí a importância do sindicalismo, explica o especialista. Seu estudo mostra que, desde os anos 2000, os sindicatos têm sido o principal meio de reivindicação de melhores condições de trabalho nas agências, combatendo o assédio moral e o adoecimento dos funcionários.
Como exemplo dessa atuação, Leonardo Ostroff destaca as conquistas da última greve do setor bancário, que chegou ao fim em outubro passado. Para ele, a greve foi bem sucedida na medida em que conseguiu parar os bancos, mostrar a força da relação dos sindicados com os trabalhadores e também a existência do assédio moral nas agências.
“Muitas pessoas ainda acham que o trabalho do bancário é “mamata” por não ser braçal. Mas justamente por ser uma profissão que exige grande esforço mental, o controle pode ser ainda mais perverso”, diz. “É mais difícil as pessoas perceberem onde está a exploração quando ela é psicológica. Ela se internaliza no trabalhador e poucos veem isso”.