ISSN 2359-5191

17/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 05 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Estudos repensam as mudanças artísticas que fizeram surgir as instalações
A instalação, manifestação artística que reformulou a maneira de narrar a partir do século XX, é objeto de pesquisa de professor da USP

São Paulo (AUN - USP) - Arte de instalações, também chamada de krafts, é uma manifestação artística cujas obras consistem na construção e organização de materiais e objetos, que ficarão espalhados pelo espaço com um determinado propósito. Normalmente, o objetivo é instigar o espectador a interagir com o trabalho ou provocar diferentes sensações no público. Este tipo de arte é o objeto de estudo do professor Carlos Alberto Fajardo, da Escola de Comunicações e Artes da USP.

A pesquisa de Fajardo busca compreender as mudanças ocorridas entre os séculos XIX e XX, que culminaram na criação da instalação. Segundo ele, a estrutura narrativa tradicional da arte estava sofrendo muitos baques seguidos, a partir da criação da fotografia e do movimento impressionista. “Você vai ter mudanças na narração, até que chega nos anos 50 e a pintura atinge seu limite. O passo seguinte foi abandonar essa forma tradicional de representar e não ficar mais focado na narração fenomenológica, ou seja, na imitação do mundo”, explica o pesquisador.

Fajardo iniciou sua pesquisa no ano de 2001, quando ganhou uma bolsa da Petrobrás para fazer exposições pelo país, tendo a oportunidade de realizar projetos ambiciosos de instalação. “O problema é que a instalação geralmente não é um trabalho vendável. É um trabalho construído para um lugar específico. Por isso a ajuda monetária é necessária às vezes”, afirma. Em 2004, ele trouxe seus estudos para a Universidade, com o intuito de dar uma formação mais ampla para os alunos de pós-graduação que participassem da pesquisa.

O professor defende que o motivo desses estudos serem tão importantes é a instalação artística ter repensado todas as formas tradicionais de narrar. “A partir dela, a relação do público com a obra de arte muda: o espectador passa a ser participador”, diz ele. Isto acontece porque o público tem a possibilidade de manipular a obra e interagir com ela, uma vez que foi construída no espaço tridimensional. Exemplo disso, foram diversos trabalhos apresentados na última Bienal de Artes de São Paulo em 2006, como uma instalação que consistia em gigantescas bolhas de plásticos nas quais o visitante podia entrar para experimentar a sensação de participar da obra.

A partir dessa interação público-obra, o conceito e a função do espaço também são abalados. Como explica Fajardo, cria-se o espaço do objeto artístico em si e o espaço ativo, por onde passam os transeuntes. “A arte deixa de levar somente em consideração a localização dos quadros e etc, mas passa a contar também as pessoas que os observam”, diz.

A pesquisa, cujo nome é simplesmente A Instalação, não tem uma meta ou um resultado pré-determinado. Segundo Fajardo, cada aluno que participa dela deve criar suas próprias expectativas e se sentir livre para superá-las.

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