São Paulo (AUN - USP) - A coordenadora do Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (Projex) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Mari Tomita Katayama, afirma que o oferecimento do programa é insuficiente para a demanda de empresas que o requisitam. “O Projex atua hoje em doses homeopáticas”, afirma, criticando a falta de investimento em raros projetos como este, com o intuito de promover a exportação de tecnologia brasileira.
“O IPT possui três fontes financeiras que patrocinam o Projex: o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo (SDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos do Governo Federal (Finep)”. Segundo o engenheiro Ílio De Nardi Junior, integrante do Programa, o IPT possui nesse momento 100 projetos em andamento.
“O Governo Federal é muito mais sensível à importância desses projetos que o estadual. Essa situação é intrigante justamente por o Estado de São Paulo ser o grande centro exportador de tecnologia do país”, afirma a coordenadora do projeto, quando compara o orçamento anual direcionado ao Projex pela SDES (suficiente para o patrocínio de 20 projetos) com o previsto pela Finep (suficiente para o patrocínio de 200 projetos).
Num levantamento realizado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgãos do Governo Federal, entre os anos de 2003 e 2005, houve um aumento de 103% nas exportações das empresas atendidas pelo Projex no Estado de São Paulo. No mesmo período, as exportações das empresas atendidas em outros estados obtiveram um aumento de 72%. O IPT atende, além do Estado de São Paulo, outros nove estados (RS, SC, PR, RJ, MG, BA, PE, CE e AM).
Sobre o programa
O Projex é um programa de apoio às micro, pequenas e médias empresas brasileiras e já atua há oito anos. Criado por Vicente Mazarella, pesquisador do IPT, visa adequar os produtos dessas empresas às normas internacionais de exportação. Tais normas englobam desde a preocupação em torno da saúde e segurança do público, até a preservação do meio ambiente e a não utilização de trabalho infantil na produção, além da própria busca por qualidade e preço competitivo do produto. “Trabalhamos de cinco a seis meses em cada empresa, para adequá-la a essas normas”, afirma Mazarella.
“As normas comerciais atendidas pelo projeto são as normas da União Européia”, segundo a coordenadora do Projex. “Mas isso não quer dizer que as empresas exportem apenas para a Europa. Muitos empresários me procuram falando que, depois do trabalho com o Projex, têm exportado para países que nunca tinham ouvido falar até então. As normas da UE são de referência mundial e, com os selos de garantia internacional que conseguimos, as empresas adentram facilmente em diferentes mercados”, completa.
“Sempre se ouve falar, como grandes obstáculos da exportação brasileira, do alto custo-Brasil, dos problemas de logística, da falta de financiamento e da burocracia estatal. O que as pessoas esquecem de adicionar a essa lista são as barreiras técnicas que apresentamos em relação aos produtos estrangeiros. Superar tais barreiras é o principal objetivo do Projex”, afirma Mari Katayama.