ISSN 2359-5191

03/02/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 7 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Estudo desenvolve mapas geomorfológicos através de softwares
Relevo de grandes áreas pode ser mapeado de forma rápida e barata
Mapa da região do Petar gerado pelo programa desenvolvido na pesquisa

Mapas geomorfológicos são instrumentos importantes para o estudo da geologia de determinada região. Eles contribuem com estudos de neotecnia que engloba os eventos estruturais recentes que ficam marcados no relevo. Com o objetivo de criar uma ferramenta capaz de criá-los sem necessidade de ir a campo, Guilherme Garcia desenvolveu sua tese de mestrado no Instituto de Geociências na Universidade de São Paulo (IGc/USP).

A partir de métodos indiretos, já que os dados não foram coletados diretamente em trabalho e campo, duas grandes áreas foram mapeadas. A área 1 tem 8.400 quilômetros quadrados e corresponde ao litoral leste e norte e uma porção do interior do Rio Grande do Norte  e a área 2 está na região do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, o Petar, em São Paulo. Ambas as regiões têm relevo muito expressivo, ideal para capturar a feição da rocha e transpô-la num mapa por meios automáticos. O processo é feito por softwares computacionais, distribuídos gratuitamente, como os modelos de elevação. Estes capturam uma visão tridimensional da superfície terrestre e geram uma imagem 2D no computador. A partir disso, são feitos cálculos para obter informações sobre o relevo, como maior ou menor amplitude e elevação. Garcia utilizou o modelo chamado SRTM com 90 metros de resolução para a área potiguar, por tem grande extensão. Para a área 2  foram utilizadas cartas topográficas digitalizadas em escalas 1:10.000 e 1:50.000 distribuídas pelo IBGE, a partir destas cartas foram gerados os modelos de elevação.

O trabalho mapeia aspectos morfométricos que são variáveis quantitativas do relevo. Por exemplo, foi determinado que a montanha x tem 1.000 metros de altitude enquanto a planície Y tem 500 metros. A partir dessa informação, é possível fazer uma derivada para obter as curvaturas do relevo, depois a geometria das encostas. Assim, o relevo vai sendo caracterizado a partir de valores numéricos. Estes aspectos diferem-se dos morfológicos que definem a forma do relevo, como o topo de uma montanha que pode ser arrendondado ou agudo.

Sob a orientação do professor Carlos Grohmann, a dissertação de mestrado pode ser aplicada ao cotidiano de empresas de engenharia, especialmente as que trabalham com situações de risco, porque elas precisam de  um confiável mapeamento do relevo para evitar desastres naturais, como também ao planejamento urbano. “Meu trabalho tem aplicação tanto prática quanto acadêmica, afinal há proposta metodológica”.

Projeto Radambrasil

Desenvolvido durante a ditadura militar, o projeto visava o mapeamento de todo o meio físico do Brasil. Uma gama diversa de áreas foram descritas como geologia, hidrografia, vegetação, geomorfologia e pedologia, que é o estudo dos solos. A grande questão é que os mapas foram feitos numa escala de 1:1.000.000, ou seja, cada centímetro do mapa equivale a 10 quilômetros de superfície. Assim, o material que é usado como literatura básica para a maioria dos estudos geológicos é defasado, já que muitas informações são perdidas devido a a escala, que é pequena, além do fato de ter sido realizado na década de 1970. “A ideia é mostrar que com as ferramentas indicadas e dados confiáveis é possível, hoje, confeccionar mapas muito mais precisos e atualizados do que os que existem”, afirma o pesquisador.  

Seguindo o método sugerido na pesquisa, pode-se efetuar o mapeamento com bom custo benefício, uma vez que não se gasta para obter as imagens nem com o software, disponível gratuitamente na internet. “O único trabalho vai ser executar a metodologia que propus para se chegar a uma mapa do relevo”, conclui Garcia.

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