ISSN 2359-5191

23/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 08 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Redução de jornada aumenta estresse do trabalho na França
Em estudo, o sociólogo francês Michel Lallement conclui que a medida prejudicou a qualidade de vida dos franceses

São Paulo (AUN - USP) - A redução da jornada de trabalho de 40 para 35 horas semanais aumentou a intensidade do trabalho na França. As empresas e os trabalhadores passaram a realizar o mesmo em menos tempo, é o que explicou o sociólogo francês Michel Lallement em palestra realizada no dia 17/04 na Faculdade de Ciências Sociais da USP.

Lallement percebeu no resultado das enquetes de seu estudo que um terço dos trabalhadores assumia claramente que suas atuações profissionais tinham se tornado mais intensas e os demais deixavam essa conseqüência subentendida em seus depoimentos. Além disso, o sociólogo também identificou uma diminuição nas horas que os franceses dedicam ao lazer. Com horas de trabalho desgastante, eles agora precisam mais horas de descanso físico e acabam tendo menos tempo para ir ao cinema, fazer compras, ir ao parque, ao teatro.

A medida da redução da jornada foi aplicada na França em 2000, com o nome de Aubry II (Aubry I, a primeira tentativa não colocada em prática, aconteceu em 1998). A idéia do projeto era melhorar a qualidade de vida da população, de acordo com a forte ideologia francesa de bem-estar social. No entanto, o estudo de Lallement “Temps, travail et modes de vie” (Tempo, trabalho e modos de vida) concluiu que o efeito foi justamente o reverso, contribuiu para um aumento do estresse e para maquiar a ainda sexista divisão das tarefas domésticas.

A menor jornada de trabalho rendeu às mulheres francesas um dia livre a mais, no entanto, a pesquisa mostrou que esse dia passou a ser dedicado às tarefas domésticas e que essas passaram a ser menos divididas com os homens. Portanto, segundo o sociólogo, também para a mulher a medida representou mais estresse, já que seu trabalho tornou-se mais intenso e ela passou a ter uma preocupação maior com as atividades do lar.

A redução da jornada também não foi bem aceita pelas gerações francesas mais novas, “foi vista como uma medida de velhos para velhos”, explicou Lallement. Segundo ele, a maioria dos jovens executivos contorna a redução oficial da jornada de trabalho por meios virtuais. Através da internet, em fóruns, chats e e-mails, eles trabalham fora de seus serviços, anulando na prática a redução da jornada.

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