ISSN 2359-5191

25/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 10 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Professor da USP repensa a fusão de imagem e palavra em sua pesquisa

São Paulo (AUN - USP) - Inúmeras escolas e movimentos artísticos já tentaram separar imagem e escrita, querendo que uma renegasse a outra. Com um viés totalmente oposto, o docente Geraldo de Souza Dias Filho realiza sua pesquisa intitulada Palavra & Imagem, que tem por objetivo estudar a relação entre o textual e o imagético, mostrando que esses dois campos estão cada vez mais interligados.

Dias Filho, formado em Arquitetura na FAU, mas lecionando na ECA já há cinco anos, quer romper com a antiga idéia de que uma obra de arte só é analisada visualmente pelo público. “Eu vim de uma formação artística que separava a pintura e a escrita. Tudo o que era relacionado à narração, que tinha uma veia literária, era considerado ruim. Mas você percebe que, em determinado momento, as duas coisas começam a se misturar”, explica ele.

O pesquisador conta que a idéia de estudar melhor essa relação, por vezes considerada quase antagônica, veio no período em que morou na Alemanha. “Tive muita dificuldade por causa do idioma de lá, o que me fez refletir muito sobre a existência das diferentes línguas”, conta. A partir daí, passar do questionamento sobre a linguagem verbal para a visual, foi só questão de tempo.

A pesquisa Palavra & Imagem teve início de um desdobramento da tese de doutorado de Dias Filho. Na ocasião, o docente havia estudado as obras de Mira Schendel, uma artista plástica brasileira, que foi poetisa durante a juventude. Ele comparou as obras de Mira com a de outros artistas que “gostavam de brincar com a palavra no espaço” e continua sempre em busca de novos nomes de pessoas que relacionam o texto e a pintura, principalmente.

O estudo é dividido em duas partes. Na primeira, é feito um levantamento e uma análise de vários artistas que trabalham com a proposta da composição da imagem com a palavra, além de serem discutidos textos que reflitam sobre o assunto. Em segundo momento, há uma intervenção prática, um atelier que aborde a proposta.

O docente explica que a linguagem escrita pode intervir na obra de arte de diversas formas e procura deixar sua pesquisa sempre aberta para todas as possibilidades. A palavra pode estar fora da obra, aparecendo, por exemplo, no título – a exemplo do que Francisco de Goya fazia, dando nomes dramáticos a suas gravuras para chocar o espectador – ou inserida nela, quando a palavra em si forma uma imagem.

Dias Filho diz que a pesquisa não tem ainda um prazo estabelecido para ser concluída. Segundo ele, o tempo todo são descobertos novos artistas e autores que têm muito a acrescentar na discussão feita através de seus estudos. “Além disso, essa relação entre palavra e imagem é eterna. Minha pesquisa sempre continua”, ressalta.

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