São Paulo (AUN - USP) - Criação da Associação Latino Americana de Engenharia do Vento foi objetivo do III Workshop Internacional de Túneis de Vento, que ocorreu nos dias 24 e 25 de abril no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), localizado na USP. O evento contou com a participação de pesquisadores de diversas entidades nacionais e internacionais, entre estas a Universidad de la República (Uruguai) e a Universidad Nacional de La Plata (Argentina).
O workshop foi organizado pela Rede Tecnológica de Túneis de Vento (RETUNEL), formado por essas duas universidades e pelo próprio IPT, e contou com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência e Tecnologia. Esse tipo de investimento federal integra o Programa Sul-Americano de Apoio às Atividades de Cooperação em Ciência e Tecnologia (PROSUL), que prevê desenvolvimento científico e tecnológico, através da formação de redes entre o Brasil e os demais países sul-americanos.
O evento também contou com o patrocínio das empresas Quantum Tech, Charis Technologies, Lynx Tecnologia Eletrônica, Wobben WindPower e Petrobrás. Gilder Nader, do Centro de Metrologia de Fluidos, afirma que foram convidados patrocinadores que têm interesse no desenvolvimento da Engenharia do Vento, justamente por eles serem parceiros em potencial para os projetos que serão apresentados no workshop.
Nader foi um dos palestrantes e demonstrou a calibração de anemômetros de copos para parques eólicos; trabalho executado pelo IPT há três anos. A calibração do anemômetro é fundamental para que a monitoração da velocidade dos ventos, indispensável para a determinação do potencial eólico de uma região, seja o mais precisa possível. Antes, o Brasil não era capacitado para oferecer esse tipo de serviço; tais anemômetros tinham que ser mandados à Alemanha para serem calibrados.
Túneis de vento
Além da intenção de formalizar uma Associação de Engenharia do Vento, Nader relata que outro dos intuitos do workshop foi divulgar os túneis de vento existentes, para que houvesse troca de experiências entre os detentores dessa tecnologia e demonstrações para as entidades que têm interesse, mas ainda não a possuem. O IPT possui dois túneis de vento, um para estudos de resistência de estruturas e dispersão de poluentes e outro aplicado basicamente na calibração de anemômetros.
Apenas o primeiro foi focado no evento. Projetado há cinco anos por Marcos Tadeu Pereira, um dos atuais diretores do IPT, o túnel simula a camada limite atmosférica. Nader explica que conforme a distância do chão aumenta, varia a velocidade do vento, até chegar a um ponto em que tal velocidade não varia mais. Aí começa a chamada camada limite atmosférica.
Quanto maior a densidade ocupacional e a variação de altura das construções de um terreno, maior é a altura dessa camada. São colocados no túnel de vento obstáculos de alturas diversas simulando tais variações. É comum empresas gastarem mais que o necessário em suas edificações, temendo possíveis estragos eólicos. Com o estudo preliminar nesses túneis, é possível saber exatamente que estrutura é suficientemente resistente, sem desperdícios, para ser utilizada no projeto. Nader afirma que esse estudo é um processo de otimização, sendo possível, numa construção suficientemente segura, gastar no mínimo duas vezes menos do que se gasta normalmente.