ISSN 2359-5191

09/05/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 16 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Pesquisa desenvolvida na USP sobre cogumelos que brilham no escuro é pioneira no mundo

São Paulo (AUN - USP) - O único estudo sobre o fenômeno da bioluminescência em fungos é hoje desenvolvido no Brasil, no Instituto de Química da Universidade de São Paulo. A pesquisa é do professor Cassius Vinícius Stevani, que anteriormente concluiu um estudo sobre os danos causados em pinturas de automóveis por ovos de libélula.

Os interesses que levaram o professor a estudar “cogumelos que brilham no escuro” vão além do fato de o tema ser inédito. Em sua tese de Doutorado, o professor analisou a ocorrência da quimiluminescência nos sistemas peróxi-oxalatos, que caracterizam os bastões de luz que encontramos na forma de colares e pulseiras usadas em festas noturnas - ao serem flexionados, esses adereços passam a emitir luz.

Além disso, faltava ao professor uma pesquisa que o caracterizasse como cientista, que fosse única. E foi conversando com o professor Etelvino José Henriques Bechara, cuja pesquisa é centrada no estudo de vagalumes, a respeito da falta de investigações sobre a bioluminescência em fungos que este o relatou que presenciara o fenômeno no Mato Grosso do Sul. Eles foram ao estado fazer a coleta de material e, na volta, os estudos começaram. “Meu trabalho é investigar mecanismos de reação”, conta o professor, “não importa se eles acontecem em tubos de ensaio, num organismo ou no meio ambiente”. O prêmio recebido pela ABRAFATI (Associação dos Fabricantes de Tintas) com os ovos de libélula serviu como capital para investimento nas novas pesquisas com fungos.

Boa parte da atual coleta de material ocorre no PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira). O grupo de Vinícius – devidamente munido de GPS e acompanhado pelo mateiro Joaquim, morador da região – peregrina mata adentro durante a noite, de preferência em períodos de lua nova, em busca de novas espécies. Quanto menos luz natural, menos reflexos serão gerados na vegetação e menores serão os riscos de haver um engano a respeito do brilho de algum cogumelo.

Desde o começo dos trabalhos, já foram descobertas 11 novas espécies. Se levarmos em conta que, desde 1978, haviam sido catalogadas 42 espécies, o grupo contribui com um aumento de quase 30% nas espécies descritas. Dentre aquelas, algumas já haviam sido descobertas por outros pesquisadores, mas, como haviam sido coletadas durante o dia, não se sabia que elas eram capazes de brilhar no escuro.

O professor acrescenta ainda que as descobertas também dependem da difusão da pesquisa pelos meios de comunicação e pelo testemunho de pessoas comuns. Foi assim que foram coletadas espécies no Mato Grosso e em Tocantins. Ele conta que o último cogumelo encontrado, comparativamente o de maiores proporções, foi visto no Piauí por uma pesquisadora americana que observava macacos-prego. Ela conversou sobre o assunto com um amigo, nos Estados Unidos e este, por sua vez, comunicou o acontecido ao micólogo Dennis Desjardin, que acabara de voltar do Brasil e, então, ligou para o professor Cassius para comunicar-lhe a notícia. Finalmente, o professor descobriu que aquela pesquisadora tinha sido acompanhada por um colega seu do Instituo de Química, praticamente seu vizinho de sala.

Um dos prazeres do grupo de pesquisa é fotografar o fenômeno. Suas imagens já foram cedidas a diversos periódicos, incluindo a revista National Geographic. O laboratório possui um acervo de fotos dos corpos frutíferos (cogumelos) antes e durante a emissão de luz verde. Assim podemos ver que as partes do fungo que emitem luz variam entre o estipe (o cabo) e o píleo (o “chapéu”). A maior parte dos fungos não chega a ser maior que uma moeda de cinco centavos. A fotografia eleita como uma das melhores pelo grupo, protagonizada pela Mycena lucentipes, será capa da nova edição da revista Micologia. Algumas imagens podem ser vistas através do site http://www.iq.usp.br/wwwdocentes/stevani/FungusLux/galeria.html.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br