ISSN 2359-5191

09/05/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 16 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Encontro de Línguas e Culturas Macro-Jê aponta variedade de grafia como fator desagregador de indígenas

São Paulo (AUN - USP) - Para uma mesma língua indígena existem tantas grafias quanto grupos de ação missionária atuantes até hoje nas aldeias. Isso dificulta a comunicação escrita até entre aldeias diferentes de falantes de uma mesma língua ou de suas variantes dialetais. Além disso, a educação também é afetada negativamente, já que não se encontrou uma forma eficiente de lidar com o problema.

Os programas educacionais do governo, por exemplo, não conseguem conciliar tanta diversidade e acabam adotando, nos livros direcionados a todos os falantes de uma língua, determinada grafia, ou mesmo tentam diferenciar os livros de acordo com as variantes, o que acaba sendo muito caro e não compensa. O uso de livros didático em português, no entanto, não se apresenta como alternativa viável ao problema, já que a maior parte dos povos indígenas, apesar de dominarem o idioma falado e terem muito interesse em aprender, têm muita dificuldade com sua grafia.

Esse foi um dos tópicos abordados pela primeira conferência do V Encontro de Línguas e Culturas Macro – Jê, que aconteceu na USP recentemente e teve o apoio do Programa de Pós-Graduação de Filologia e Língua Portuguesa e do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH. O encontro teve, como objetivo, aumentar e colocar em contato estudiosos dos assuntos relacionados ao tronco lingüístico Macro- Jê e despertar o interesse de alunos.

O tronco lingüístico Macro – Jê dá origem a várias famílias lingüísticas, que geram línguas e suas diversas variantes. É o caso da língua Timbira, falada por povos indígenas que habitam principalmente o Maranhão e Tocantins. Ela foi assunto principal dessa primeira conferência, que seria apresentada por Jonas Polino Sansão, índio Timbira, que por causa de uma doença não pode comparecer e foi substituído por Ana Suelly Arruda Câmara Cabral, professora da Universidade de Brasília.

Falando-se especificamente dos povos Timbira, não há problemas na comunicação oral, mas um projeto de unificação da grafia vem sido discutido durante anos. Esses povos, também chamados de “indígenas parentes” por utilizarem variações de uma mesma língua, formaram a Wyty Catë, uma associação que agrega projetos que possibilitem sua união. A “Escola Timbira” é um desses projetos e recentemente conseguiu formar uma turma de jovens (índios de 15 a 30 anos) no ensino fundamental.

Segundo a professora, foi necessário muito tempo para que esses “indígenas parentes”, até mesmo aceitassem que falavam uma mesma língua e em 2003, oficinas proporcionadas por lingüistas e pelo Centro de Trabalho Indigenista possibilitaram a criação pelos próprios índios de uma grafia única para o Timbira.

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