São Paulo (AUN - USP) - Organizar exposições artísticas é praticamente uma arte em si e consiste em uma atividade trabalhosa. Por esse motivo, a Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação da universidade, o Fórum Permanente e o Museu de Arte da Pampulha, trouxe a Oficina de Curadoria para seu Departamento de Artes Plásticas.
A Oficina faz parte de uma série de workshops em São Paulo, Belo Horizonte e Buenos Aires promovidos pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional. Com a duração de três dias, a edição realizada na ECA, contou com a presença do artista plástico Martí Peran, professor de Teoria da Arte na Universidade de Barcelona.
O workshop da edição paulista criou para os participantes um exercício prático que permitiu executar as idéias surgidas durante as exposições teóricas. O grupo teve que curar em conjunto um projeto editorial relacionado às práticas artísticas locais.
Com a temática “Curar e criticar”, o programa do evento foi elaborado visando a um grupo de participantes formado por graduandos e pós-graduandos da USP, além de profissionais da área de ciências humanas em geral. Por abranger um público não tão homogêneo, o workshop, que, a princípio, oferecia apenas 15 vagas, contou com a presença de 24 inscritos.
A primeira parte da oficina propôs uma discussão teórica sobre crítica artística e curadoria no contexto contemporâneo, baseada em conceitos de antropologia urbana. “Hoje em dia, ao observar São Paulo, você percebe que só se constrói algo novo aqui a partir da destruição de objetos representantes do passado da cidade. A arte reflete isso, para o bem ou para o mal”, explicou Peran aos participantes.
O professor espanhol defendeu também a idéia de que a população da maior cidade brasileira é independente de seus governantes. “A própria sociedade se organiza para agir como poder executivo, pois o Estado não regulamenta o espaço público, é um ‘Estado fantasmagórico’”, concordou Vinicius Spricigo, membro do Fórum Permanente, que esteve presente em todas as sessões do workshop.
Em um segundo momento, cada participante da oficina teve que desenvolver um possível tema para uma curadoria. O objetivo era criar um projeto editorial para o grupo, a partir do confronto das diversas idéias que surgiriam, dando às sessões um caráter mais ligado prático.
O público presente receberá um certificado de participação da oficina. Já as questões propostas nas sessões das edições de São Paulo e das outras duas cidades gerarão uma publicação bilíngüe de três volumes, que registrará o conteúdo abordado pelos workshops e seus resultados práticos.