São Paulo (AUN - USP) - Os ensinos básico e médio passam atualmente por uma série de problemas. Além da falta de incentivo externo, há a questão da própria motivação do estudante, que é deixada de lado frente a outras preocupações. A professora Sibele Cazelli, responsável por pesquisas e atividades com educação em museus, de passagem por São Paulo, foi convidada pela Faculdade de Educação a dar uma palestra sobre a importância da educação não-formal e, dentro do tema, a relevância dos museus nesse assunto.
Responsável pela coordenação de educação do museu carioca MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins), Sibele apresentou uma série de estudos que deve ajudar a definir o público do museu, como funciona a aprendizagem desse público, como se dá a inserção do museu na educação e de que modo isso traz benefícios ao estudante.
A palestra começou com uma apresentação das duas principais linhas de pesquisa do MAST: a divulgação e apreensão das informações científicas frente ao público e a inserção dos museus na educação tradicional, tanto por parte dos professores quanto dos alunos.
A primeira linha de pesquisa analisou ostensivamente o público visitante do MAST. Com um vasto questionário, o objetivo era avaliar o público do MAST em relação ao de outros museus, e desse modo otimizar os métodos de divulgação e apresentação de conteúdo em vista das especificidades dos visitantes.
A segunda linha de pesquisa já era mais voltada especificamente para a educação, querendo saber as razões da visita ao museu e os desdobramentos que essa visita tinha na vida de cada um. Essa linha foi de mais interesse na palestra, que contava com uma maioria de estudantes de Pedagogia entre seus ouvintes.
“O público dos museus de ciência é mais jovem”, afirmou Sibele, ao exibir uma das inúmeras estatísticas que possuía; 59% do público visitante eram estudantes. Algo que chama a atenção para a divulgação dos museus nas escolas – 34% do público alega ter ido ao museu por recomendação de professores.
A professora segue mostrando alguns resultados da psicologia educacional, que mostravam haver declínio na motivação para estudos de ciência para os alunos do ensino fundamental e médio. Dito isso, ela ressalta a importância desses estudos e diz que uma visita ao museu valoriza a motivação intrínseca dos alunos para o estudo de ciências.
Há dois tipos de motivação do estudo: a intrínseca e a extrínseca. A primeira é mais ligada ao prazer individual e autonomia do estudante, como é o caso da visita a museus. A segunda é ligada a incentivos externos, dos quais as notas são o maior representante. Professores que motivam alunos somente por notas estão prestando-lhes um desserviço.
Por fim, ficou evidente o quanto o museu ajuda na metodologia do ensino de ciências. “Os três maiores motivos para a visita ao museu foram a ampliação da cultura geral, a criação de hábitos de visita a espaços não-formais de educação e a complementação de temas abordados em sala de aula”, disse Sibele, que completou: “O professor que já foi ao museu desenvolve mais atividades de motivação do que os que nunca haviam ido, como exibição de filmes, competição entre alunos, palestras, gincanas, dramatizações e leitura de revistas e jornais”.