São Paulo (AUN - USP) - A obtenção de uma cerâmica que proteja as obras de arte de corrosão e de degradação está sendo estudada por professores do Instituto de Química da USP. Poderiam ser beneficiadas desse artifício contra ação do tempo estátuas e esculturas em metal ou pedra, mosaicos e afrescos. A cerâmica seria aplicada sobre as obras e formaria uma fina camada de proteção transparente, com as vantagens de ser mais barato do que os métodos de conservação convencionalmente usados e de não precisarem de reaplicações periódicas.

Flávio Maron Vichi, responsável pela pesquisa, disse que, ao idealizar o estudo, pensou nas estátuas de pedra-sabão de Aleijadinho, que estão hoje expostas em pontos das cidades de Ouro Preto e Congonhas, em Minas Gerais. O artista, que atuou durante o período colonial, esculpiu belíssimas peças inspiradas no estilo barroco e no rococó. São de sua autoria, em Ouro Preto, esculturas da igreja de São Francisco de Assis, a modificação do projeto original da igreja de Nossa Senhora do Carmo, a projeção e execução do chafariz do hospício Terra Santa.

O professor explica que a situação das esculturas de Aleijadinho é ponto de discórdia entre vários especialistas em arte do Brasil. Alguns afirmam que, devido ao nível de corrosão a que foram submetidas as obras, elas deveriam ser abrigadas em igrejas ou museus; outros alegam que o próprio Aleijadinho já sabia, ao construir as obras, que elas estariam submetidas à ação degradante do tempo e, mesmo assim, resolveu colocá-las a céu aberto nas cidades. Com a nova cerâmica, as esculturas podem continuar ao ar livre e, ainda assim, sobreviverem para a apreciação das próximas gerações.