São Paulo (AUN - USP) - Uma história: Pedro e Adélia vivem numa cidadezinha do interior de Minas com os filhos. Ele, músico sonhador, quer inventar uma nova clave musical; ela, dona de casa realista, quer ver os filhos crescerem. Simbolizam respectivamente permanência e mudança, em uma família que vive um dilema entre tradição e modernidade. Mudam-se para uma cidade maior, em busca de maiores perspectivas, e encontram uma vida nova em que voam os sonhos.
Outra história: dez jovens cursam artes cênicas na ECA-USP. Apesar de tudo que a universidade oferece, eles querem encenar, fazer teatro de verdade. Juntos formam uma companhia de teatro, tornam-se os “Excelentíssimos criadores de almas”, e remontam uma peça que marcou os anos 70 no teatro Ipanema, do Rio de Janeiro.
Essas histórias se encontram: a primeira é a peça que os segundos interpretam. Chama-se “Hoje é dia de rock” e foi escrita por José Vicente e interpretada por quase três anos, de 1971 a 1973, no Rio. Na época, retomou o teatro ritualístico, que surgiu com “Diário de um louco”. Também sintetizou o ideário da contracultura, surgida nos anos 60 como forma de contestação e mobilização social. Formou-se uma legião de fãs, que assistiam a peça inúmeras vezes, para reencontrar aquelas personagens que tanto cativavam em uma narração onírica, que usava da linguagem do realismo imaginário.
As coisas não mudaram muito na nova montagem; fãs ainda vêem a peça vezes e vezes, como Marina Fagali, que assistiu a quase todas as apresentações do grupo e recomendou para todos os amigos e conhecidos. E não sem motivo: os jovens atores ocupam o palco com a desenvoltura de quem já conhece aquele espaço, invadindo a platéia, cantando, dançando e emocionando quem vê as angústias de Pedro diante da busca pela nova clave.
Sob a direção de Marcelo Galdino, os Excelentíssimos criadores de almas, formados por Caio Paduan, Lívia La Gatto, Ighor Walace, Juliana Valente, Rafael Presto, Miguel Prata, Daniela Lobo, Flávia Miranda, Daniel Mazzarolo e Paloma Franca, apresentam-se às quartas-feiras, às 20h horas, no Teatro Aliança Francesa, na Rua General Jardim, nº. 182, próximo à estação República do metrô. Estão em cartaz desde abril e continuam até o final de julho.