ISSN 2359-5191

18/06/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 27 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Faculdade de Farmácia desenvolve remédio para doenças negligenciadas

São Paulo (AUN - USP) - Medicamentos para doenças negligenciadas são elaborados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), nadando contra a corrente do mercado. Pesquisas para o tratamento de malária, Mal de Chagas, Leishmaniose e tuberculose, entre outros, são desenvolvidas no Departamento de Farmácia sob a coordenação do professor Humberto Gomes Ferraz.

O projeto é voltado especialmente à formulação de medicamentos sólidos, ou seja, cápsulas e comprimidos. Para Chagas, por exemplo, só existe no mercado até hoje um único tipo de remédio, muito embora a doença assuma feições diferentes na América Latina (especialmente o Brasil) e a África, os dois locais onde ocorre. O projeto de Gomes Ferraz já elaborou o comprimido voltado à população brasileira especificamente, mas não houve, por parte dos laboratórios, interesse em comprá-lo. A fórmula é aprimorada pelos pesquisadores freqüentemente, mas não sai da faculdade.

Comprimidos para tuberculose, à base de pirazinamida, estão em fase inicial de elaboração. Para malária, há duas versões de fórmulas. Uma delas, com primaquina, já está pronta, apesar de Humberto afirme que ainda estão melhorando-a. Com cloroquina, a segunda versão, o estágio é menos avançado, mas está em andamento.

O principal problema do projeto é encontrar quem o financie, já que nem sempre o custo de produção destes medicamentos compensa o preço de venda acessível aos pacientes que precisam. Estas doenças afetam em geral a população de mais baixa renda, devido às condições precárias de higiene, saúde e instrução. Por este motivo, a pesquisa “requer flexibilidade com os recursos disponíveis”, afirma o professor. Segundo ele, é papel da universidade contribuir com a sociedade, buscando amortizar seus problemas, da maneira que for possível.

Neste sentido, a FCF conta com a FIPFarma (Fundação Instituto de Pesquisas Farmacêuticas), uma fundação própria e independente, para criar condições e agilizar as pesquisas na unidade.

O grande diferencial destes medicamentos é a tecnologia empregada, que permite liberação gradual dos componentes. Assim, ao invés de o paciente ter de tomar três comprimidos por dia, ele o faz uma vez e o remédio por si só dá conta de fazer com que não seja tudo direcionado ao metabolismo imediatamente. Em 2006, a poliuretana, material que compõe a cápsula que reveste os “ingredientes”, foi patenteada. Trata-se de uma resina derivada do óleo de mamona.

Alunos da graduação em Iniciação Científica e da pós-graduação, fazendo mestrado e doutorado, atuam de maneira integrada nas pesquisas. O professor aplica muitas das metodologias que apreendeu na Universidade de Coimbra, onde fez sua pós-graduaçao. Outras doenças, menos negligenciadas, também são tema de pesquisa, como diabetes, Aids e Câncer.

Em 2003, a empresa Biolab patenteou o Vonau Flash, originário desde núcleo de pesquisadores. É usado no tratamento de câncer infantil. Os comprimidos são orais persíveis, ou seja, que dissolvem na boca de modo que o paciente não tenha que engolir o comprimido sólido. O gosto é o maior diferencial. A fórmula possui sabor adocicado, prazeroso ao usuário. É um inibidor de vômito durante a quimeoterapia, técnica de combate á doença.

Formulações para o tratamento de Aids se dividem em duas frentes: uma para melhorar o fármaco já existente e outra para elaborar novas formulações. As pesquisas se encontram em estágios diferentes.

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