São Paulo (AUN - USP) - A VI Semana de Estudos Clássicos e Educação da FEUSP teve lugar, recentemente, na Faculdade de Educação da USP. O evento tradicionalmente conta com palestrantes gabaritados em estudos da Antigüidade Clássica e que trazem a discussão do mundo clássico para o âmbito educacional.
Foram discutidas diversas importâncias, desde a influência do relevo na formação das cidades-estado na Grécia Antiga até o teatro como modelo didático sob o ponto de vista do autor latino Cícero. As palestras tiveram enfoques bem independentes uns dos outros, apesar de girarem em torno do mesmo tema.
Utilizou-se largamente obras literárias da cultura latina. Uma palestra na segunda à tarde apresentou um estudo sobre a obra “Odisséia”. Ao passar pelos perigos em sua volta para casa, Ulisses demonstrou grande astúcia, algo que era muito enfatizado pelos gregos, e daí surge a importância da educação. Outra forma de literatura foram as poesias e alguns outros textos literários, que foram destacados por contribuir na formação dos jovens e na transmissão de conhecimentos. O grande papel dos aedos – cantores itinerantes que percorriam o mundo grego – e a poesia cantada, com métrica rígida, foram assuntos presentes nessa apresentação.
Dois filósofos do século XVIII também foram importantes nesse ciclo de palestras. Montesquieu foi um grande estudioso da Roma antiga. Ele, que passou pela Revolução Francesa, procurava entender em uma cidade como Roma de que forma uma sociedade tão grandiosa veio a ruir. Portanto, a tarde de terça foi dedicada à tentativa de entender o homem em seu tempo histórico, através de seus interesses públicos e particulares. O outro pensador, Rousseau, foi evocado em uma mesa redonda, a qual discutia a questão da cidadania antiga, junto com referências a Catão, o antigo. Este nome, que não nos é familiar, é de um cidadão romano considerado virtuoso e cujas idéias são caracterizadoras do modelo da antiga educação romana.
A importância da arqueologia para o estudo da Antigüidade ficou comprovada com duas palestras na terça e na sexta. A primeira sublinhava a importância de outras fontes de escrita que não os documentos oficiais para conhecer melhor o nível de instrução fora da elite; a outra, em caminho semelhante, focava-se em documentos encontrados – cartas, parietais, inscrições em geral – que representavam a classe popular, mais de nove décimos da população romana antiga.
A cultura clássica foi finalmente abordada por todos os lados com apresentações de peças de teatro; afinal, quem não ouviu falar do termo “tragédia grega”? “Pluto”, de Aristófanes, foi encenado pelos funcionários da FEUSP; “Lisístrata”, do mesmo autor, pelos alunos de Pedagogia do período vespertino. E por fim, os estudantes do noturno apresentaram “Críton”, de Platão. Essa nova dinâmica do teatro no enfoque da cultura clássica contou com grande aprovação do público, especialmente dos próprios atores, que acabaram por conhecer mais a sociedade da época durante a montagem das representações.