São Paulo (AUN - USP) - Truman Capote, José Hamilton Ribeiro, John Reed, Ricardo Kotscho. São muitos os jornalistas consagrados e imenso o número de tipos de jornalismo feitos por eles. Cláudio Tognolli, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, baseou-se em quase três décadas de carreira na área para escrever seu livro Mídia, Máfias & Rock‘n’Roll, no qual coloca sua própria visão dos vários estilos de reportagem e seus usos, além de ilustrar os bastidores midiáticos.
Mais do que um retrato objetivo do jornalismo atual, Tognolli buscou criar em sua publicação um quadro pintado a partir de suas experiências pessoais dentro das redações. “Com 27 anos de jornalismo, uma carreira acadêmica, e ainda repórter, me sinto à vontade para escrever sobre mídia porque habito redações, faço reportagens diariamente, procuro bastidores. Escrever sobre mídia sem trabalhar na mídia é colecionar selos, mas não mandar cartas”, critica.
Muitas são as histórias contadas no livro recém-publicado pela Editora do Bispo e, em sua maioria, o próprio autor aparece como protagonista, narrando em primeira pessoa. Em uma delas, Tognolli relata como perdeu dois amigos – um repórter e outro que fora sua fonte em uma reportagem – por causa do uso de informações em off. “Boa parte do livro fala dos erros da mídia, mas a partir dos erros que eu mesmo cometi. Nesse sentido, o livro é uma confissão. Um ato de fé”, afirma o autor.
Doutor em Filosofia da Ciência pela USP, Tognolli expõe também sua visão crítica em relação aos cursos de jornalismo no Brasil. Segundo ele, falta um equilíbrio nas universidades na hora de dosar embasamento teórico e as disciplinas práticas e laboratoriais nas grades curriculares. A solução para o problema seria haver “mais professores doutores que trabalhem em redação e mais jornalistas de redação que dêem aulas”.
Além de explicitar a posição contestadora em relação à mídia, o título do livro faz ainda uma referência à paixão pela música que o autor alimenta desde antes de sua vida universitária. “Entrei na ECA como estudante junto com Paulo Ricardo (ex-vocalista do RPM, hoje em carreira-solo). Como éramos amigos, fiz parte da formação do RPM no início. Larguei a banda para trabalhar na Veja”, conta ele.
A revista semanal de maior tiragem do país não foi o único veículo em que Tognolli atuou. O jornalista escreveu ainda para o Jornal da Tarde, Folha de S.Paulo, CBN, Caros Amigos, Jovem Pan, Observatório da Imprensa e hoje contribui com artigos para a edição brasileira da revista Rolling Stone. “O lugar em que tive mais liberdade foi na Folha. Já na Veja, as matérias eram produzidas de trás para frente: precisávamos buscar as fontes que comprovassem uma tese que os editores determinavam”, afirma o professor, que também leciona na FIAM (Faculdades Integradas Alcântara Machado).