São Paulo (AUN - USP) - É elevado o número de infrações e irregularidades cometidas pelos laboratórios farmacêuticos na promoção publicitária de seus produtos. Foi esta, pelo menos, a conclusão à que se chegou um trabalho realizado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em pareceria com diversas faculdades brasileiras, entre elas a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FCF).
No âmbito da FCF, o trabalho foi desenvolvido pela equipe da professora Terezinha de Jesus Andreoli Pinto e envolveu a analise do material publicitário de medicamentos à luz das exigências do Ministério da Saúde.
Entre os dados mais preocupantes, a professora destaca que 17,5% deste tipo de publicidade não apresentam a principal contra-indicação do produto anunciado. Além disto, 45,6% das propagandas de remédios com exigência de prescrição médica não incluem o nome de seu princípio ativo.
O trabalho ainda mostrou que 27% dos anúncios de medicamentos se referem à antiinflamatórios. Segundo os pesquisadores, isto é um problema, pois este tipo de publicidade contribui para a auto-medicação, pondo a saúde das pessoas em risco.
Outro dado apontado como perigoso é o de que 15,5% das propagandas incitam o uso de medicação cujo consumo exige prescrição médica. Além disto, de todo o material coletado em consultórios médicos, hospitais, congressos, jornais, revistas, rádio e televisão, 3,6% eram de produtos não registrados na ANVISA.
Segundo os envolvidos no projeto, a sua importância está em verificar a existência de campanhas de publicidade e marketing que possuem objetivos puramente comerciais e que não têm compromisso com o bem informar o consumidor. Com isto, os pesquisadores esperam fornecer dados confiáveis que possam embasar novas políticas públicas em relação ao uso de medicamentos.