ISSN 2359-5191

17/08/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 35 - Saúde - Hospital Universitário
Nova brinquedoteca do HU da USP assiste internos adultos e mostra que brincadeira é coisa séria

São Paulo (AUN - USP) - Leitura de livros, montagem de quebra-cabeças, jogos, pintura de quadros e desenvolvimento de trabalhos artesanais, que, inclusive, são colocados à venda no bazar da AVHUSP (Ação Voluntária do HU-USP), quando o paciente assim deseja. Essas são algumas das atividades desenvolvidas pelos pacientes da Unidade de Clínica Médica (CM) do Hospital Universitário da USP, em seu novo espaço lúdico-recreativo: a brinquedoteca para adultos. O projeto partiu do trabalho de conclusão do curso de Introdução à Pesquisa Científica promovido pelo Serviço de Apoio Educacional do Departamento de Enfermagem, "Espaços Lúdicos: desvelando as possibilidades do brincar em uma enfermaria de pacientes adultos", e foi implementado em julho.

Para Antônio Fernandes Costa Lima, diretor da Divisão de Enfermagem Clínica e orientador do estudo, “os profissionais de enfermagem atuantes na CM do Hospital Universitário há muito tempo têm buscado, intencionalmente, favorecer possibilidades de compartilhamento de experiências entre os pacientes visando amenizar o impacto da internação”. Já uma das coordenadoras da pesquisa que deu início à idéia, Daniela Ribeiro Linhares, também técnica de apoio educativo e responsável pela brinquedoteca infantil, revela que “o objetivo do trabalho era verificar se os pacientes tinham a necessidade ou não de atividades lúdicas durante a internação e quais eles gostariam de realizar. Verificou-se que 96,88% dos pacientes consideravam importante a existência de um espaço/momento para a realização de atividades sócio-recreativas”.

Diante do estado ocioso dos internos, a intenção maior do projeto, a princípio, é de criar um local onde as pessoas possam “se encontrar e interagir livremente, expressando seus sentimentos e demonstrando suas potencialidades”, ainda de acordo com Daniela. Para evitar constrangimentos, o paciente tem a opção de fazer as atividades que quer em seu próprio leito e é freqüentemente visitado pelos voluntários que passam nos quartos para ver se está satisfeito. “É respeitada a sua opção quanto à realização de atividades recreativas sem que haja nenhum tipo de obrigatoriedade. Segundo autores que estudam a questão da aderência do adulto a atividades lúdico-recreativas, a escolha deve partir da iniciativa própria do indivíduo e do seu desejo de participação, sendo de sua competência, como responsabilidade tanto a prática de tais atividades como a desistência delas”, explica Lima.

Daniela confessa que “a alegria de ver este espaço funcionando e com a colaboração de voluntários envolvidos é imensa, principalmente porque acredito que todas as pessoas internadas têm qualidades e uma potencialidade ímpar que só o brincar muitas vezes revela”. “Os profissionais atuantes na CM, voluntários e estudantes, ao favorecerem ações sócio-recreativas, ampliam as perspectivas a favor da recuperação e do bem-estar de quem está hospitalizado, reconhecendo-o como indivíduo em estado permanente de aprendizado. Todos aqueles que se comprometerem com o lúdico devem estimular a prática do lazer ativo, que implica na ação e na interação do indivíduo com o meio no qual está inserido, juntamente com os outros indivíduos”, completa Lima.

Embora o projeto seja considerado bem-sucedido pelos participantes, ainda não foi realizado um estudo para mostrar resultados mais efetivos do impacto da brinquedoteca no cotidiano dos pacientes.

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