ISSN 2359-5191

17/08/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 35 - Meio Ambiente - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Geógrafo ameniza problemas em hidrelétricas no rio Madeira

São Paulo (AUN - USP) - A construção de duas usinas hidrelétricas – Jirau e Santo Antônio – no rio Madeira (RO) tem sido alvo constante de críticas por grupos ambientalistas. Esses grupos reclamam que a produtividade ampliada pela construção das usinas não compensaria o impacto ambiental que esse tipo de obra causa na região, mesmo diante do risco de nova crise energética para o fim desta década.

Para o professor Jurandyr Ross, do departamento de Geografia da USP, o novo projeto é mais interessante que o anterior, idealizado na década de 1980, do qual participou. Na época, o projeto foi paralisado devido à moratória decretada no início de 1987, pelo governo de José Sarney.

O projeto inicial trabalhava com as construções de barragens mais altas, nos moldes das usinas de Balbina, no rio Uatumã (AM), e de Samuel, no rio Jamari (RO). O principal problema desse modelo de usinas é a grande área de alagamento necessária para o funcionamento das turbinas. A bacia amazônica, principalmente sua parte ocidental, está localizada numa região de elevação baixa, o que facilita o escoamento lateral dos rios. Nesse modelo chega-se a casos extremos em que há necessidade da construção de diques laterais, formando-se verdadeiros tanques.

Apesar de o professor não desconhecer detalhes do projeto final, ele refuta algumas críticas feitas à construção das hidrelétricas.

Sobre o problema que ocorreria com o excesso de sedimentação do terreno prejudicando o funcionamento das turbinas, Jurandyr Ross concorda que a região do rio Madeira possui realmente um alto depósito de sedimentos. Mas para ele “isso não é um problema grave”, pois o solo da região é argiloso, e seus fragmentos, por serem muito pequenos, não prejudicariam as turbinas da usina.

O mercúrio remanescente de garimpos depositado no fundo do rio também é levantado como empecilho à construção da obra. Para os críticos, esse mercúrio seria elevado pelas turbinas e contaminaria a água do rio. Para o professor Jurandyr “esse risco não existe porque o mercúrio é um metal (líquido) muito denso” e que permanece no fundo do rio. Desta forma ele não é atingido pelo turbilhonamento das turbinas, “junto com outros sedimentos mais pesados como, por exemplo, grãos de areia, ferro, cassiterita, ouro, diamante, seixos etc.”, acrescenta Jurandyr Ross.

Além dos ambientalistas, outro crítico do projeto é o governo boliviano, o qual diz que as usinas podem ter algum reflexo no curso do rio Madeira, que tem sua nascente na Bolívia. Na ótica do professor o problema é mais geopolítico do que técnico. Os problemas criados com a Petrobrás e a presença de latifundiários brasileiros em grande parte da agricultura boliviana criaram um clima de animosidade do governo de Evo Morales em relação ao Brasil. O professor entende que as águas do Madeira devam ficar mais calmas devido ao seu represamento, mas não sabe se isso realmente pode chegar a afetar o trecho boliviano, distante cerca de 80 km da hidrelétrica mais próxima.

De qualquer forma, o projeto continua em andamento e, se houver liberação dos órgãos responsáveis, o leilão que escolherá as empresas responsáveis pela obra deve ocorrer até o fim de 2007.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br