São Paulo (AUN - USP) - Dutos instalados no subsolo, a até 15 metros de profundidade, podem ser identificados através de radares. Um experimento desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) apontou a eficácia e as falhas de um desses métodos, chamados de “não-destrutivos” por dispensarem a investigação direta, feita pelo corte de trincheiras nos terrenos. O georadar, ou GPR (Ground Penetrating Radar), de acordo com Wilson Shoji Iyomasa, responsável pelos testes, pode ser utilizado para estudar a configuração destas redes de encanamentos e, por evitar escavações, diminuir os inconvenientes à população.
Durante o experimento em laboratório, os resultados foram positivos. Após enterrar diversos tubos, de materiais diferentes, os pesquisadores os sondaram com o georadar, composto de duas antenas e um aparelho que, ligado ao computador, envia e recebe ondas de freqüência constante. Ao entrar em contato com os dutos, as ondas são refletidas e formam padrões registrados como hipérboles pelos softwares de processamento.
Durante o estudo no campo de testes do IPT, às margens do Rio Pinheiros, porém, o desempenho do georadar foi inconsistente. Localizou apenas um de três dutos enterrados. A suspeita de Iyomasa é a de que o solo em que os tubos foram enterrados seja o responsável. “O solo tinha muita laterita”, afirma ele. De acordo com Iyomasa, o óxido de ferro, presente nesse tipo de solo, não permitiria que as ondas penetrassem a superfície. Em concreto e em solo arenoso, o georadar apresentou alta eficiência. Tanto tubos metálicos como de PVC (policloreto de vinila) foram detectados.
Ainda de acordo com Iyomasa, as antenas que tiveram melhores resultados foram as de 100 e 250 megahertz. Quanto maior a profundidade de investigação, porém, menor o detalhamento dos resultados alcançados.
O pesquisador explica que o georadar, sozinho, não é suficiente para localização segura de dutos, em terrenos onde obras serão realizadas. Ele cita alguns outros métodos que o IPT usa em conjunto, como o caminhamento elétrico, em que os dutos são detectados pelo magnetismo induzido por descargas elétricas; e o radio detection, que difere do georadar apenas no tipo de onda emitido pelo aparelho.
Poucas empresas, diz Iyomasa, têm o georadar ou algum desses outros aparelhos. Importado, ele custa em torno de US$ 100 mil. As antenas blindadas, que permitem o envio de ondas apenas para uma direção, custam US$ 20 mil o par. Essas antenas são úteis para investigações internas, em lugares cobertos. De acordo com Iyomasa, essas antenas não registram os dutos que há no teto, por exemplo. Os softwares que processam os dados do georadar chegam a custar 20 mil dólares.
O GPR foi utilizado, com resultados curiosos, para averiguação de solos contaminados com cloreto de sódio (sal de cozinha), em Santo André, num experimento que Iyomasa considera “rudimentar”. O sal impediu a penetração das ondas de radar. Para Iyomasa, testes mais detalhados precisam ser feitos com o georadar.
A profundidade a que as ondas do georadar penetram, de até 15 metros, é suficiente para examinar os principais tipos de dutos da cidade de São Paulo. De acordo com o pesquisador, a maior parte deles se situa entre 1,5 e 3 metros. Galerias de água pluvial, que transportam a água coletada nos bueiros, estão a até 5 metros de profundidade. Obras como a do metrô se situam a 20.