São Paulo (AUN - USP) - Um espaço para aprender, interagir, refletir. Um lugar onde os jovens podem consultar livros, CDs e DVDs, onde o que está em jogo não é o acesso, mas o protagonismo. Esse lugar existe, chama-se Estação do Conhecimento e surgiu a partir da linha de pesquisa “Informação, Comunicação e Educação” coordenada pelo professor Edmir Perrotti, do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA (Escola de Comunicações e Artes).
Os estudos que resultaram na criação da Estação do Conhecimento são feitos no Núcleo de Infoeducação, desdobramento do PROESI – Programa de Serviços de Informação em Educação. O Núcleo reúne pesquisadores de diversas áreas, tendo como objetivo desenvolver mecanismos que propiciem uma relação com o conhecimento distinta da tradicional. Por isso, todo o ambiente da Estação é pensado, desde a arquitetura até a localização dos materiais para consulta.
Para o professor Perrotti, o que está em jogo não é apenas o acesso aos livros: “A leitura não pode ser vista como um dado isolado. Existe toda uma cultura, uma relação de saberes informacionais que devem ser pensados”, afirma. Portanto, segundo ele, a leitura não é suficiente, é preciso que os indivíduos saibam o que fazer com o conhecimento que adquirem: “Ter acesso é meio, não fim”. Ele utiliza o termo “apropriação do conhecimento”, que seria vital para o surgimento de “sujeitos capazes de criar, de atuar afirmativamente, não só de forma reativa”, complementa.
O projeto não dá frutos somente na Academia: apenas em São Bernardo do Campo, cuja Prefeitura estabeleceu convênio com o Projeto em 1999, são 53 bibliotecas interativas, onde as crianças que freqüentam as escolas municipais são as beneficiadas diretas dos estudos. Escolas particulares, como o Colégio Pentágono, também estabeleceram parcerias para aprimorar o ensino. Trata-se de um resultado bastante rápido, para um projeto que começou na década de 1990. Para Perrotti, ensino, pesquisa e extensão – o tripé sobre o qual a universidade pública é estruturada – devem caminhar juntos: “A separação não é boa, acaba criando microuniversos que são prejudiciais”, revela.
A linha de pesquisa é pioneira em todo o mundo, mas sobretudo no Brasil: “Para o país é novíssima, porque no Brasil nunca houve preocupação nem com o acesso nem com a apropriação”, conta Perrotti. Para ele, é preciso estudar o sentido da informação nessa nova era tecnológica em que vivemos, ela mesma criadora de novos valores culturais. Para além da lógica de consumo do capitalismo, é preciso contrapor material e simbólico: “Qual o sentido da informação dentro do quadro social, para qualificar as ações cidadãs?”, ele questiona.