São Paulo (AUN - USP) - A cobertura de situações de conflito por parte da mídia é sensacionalista e não analisa a questão dos direitos de guerra. Essa foi a colocação de João Paulo Charleaux, assessor de comunicação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para Brasil, Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai em palestra realizada recentemente na Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP).
Charleaux criticou a “tara” dos jornalistas pela guerra. Segundo ele, a cobertura de situações de conflito deve fazer uma análise dos fatos para que as pessoas entendam as sensações que envolvem o assunto. Falta um questionamento sobre se os direitos humanos e de guerra estão sendo cumpridos. “Os próprios jornalistas desconhecem esses direitos e cometem várias imprecisões na cobertura de conflitos, como no caso dos prisioneiros de Guantánamo.”
Sobre a atitude da imprensa de mostrar a situação do Rio de Janeiro como se fosse uma guerra, Charleaux considera essa postura, além de errônea, perigosa. No Rio, não há divisão de territórios como na Colômbia. No entanto, “queremos estar nessa Colômbia”, ao insistir que a violência no Rio é uma situação de guerra e deveria ser tratada como tal, com o uso de forças armadas.
Com relação ao conflito no Iraque, Charleaux aponta que não faz sentido falar em uma guerra contra o terror sem um alvo definido. Outro problema apontado foram as atitudes irrefletidas de alguns repórteres de guerra, como ocorreu no Iraque, onde os jornalistas passaram a andar escoltados por mercenários que atacavam civis, tornando-se alvo de retaliações.