São Paulo (AUN - USP) -A cidade de Córrego Fundo está na sua segunda gestão política após emancipação do município de Formiga, no sul de Minas. Com apenas seis mil habitantes e um precário sistema de saneamento, a cidade tem relatos de esquistossomose e foi escolhida pelos estudantes de Farmácia da USP como sede dos próximos anos da Jornada Científica.
O movimento consiste em um programa de quatro anos que visa conscientizar a população e ensinar-lhe a cuidar da higiene e saúde. Iniciou nos anos 60 e foi gerido por estudantes até um período de interrupção nos anos 80. “Diminuiu o poder de organização dos alunos”, justifica a professora da USP, Primavera Borelli.
Primavera também relata que, durante o final da década de 90, aos alunos tentaram reavivar o programa de extensão universitária, mas não obtiveram êxito. Apenas em 2002, um projeto piloto foi retomado na região de Sorocaba. No ano seguinte, o projeto ganhou forças e se instalou em Olhos D´àgua no norte de Minas, onde vingou por quatro anos trazendo desenvolvimento à cidade.
Dessa vez, Córrego Fundo foi escolhida por ser uma cidade com uma estrutura de saneamento básico pouco desenvolvida. Apesar de haver estruturas de tubulação já instaladas, não há esgoto funcionando e todas as casas contam com fossas negras. Para piorar a situação e pôr em risco os moradores, todo excremento humano retirado das casas é jogado em um lago.
Casos recentes de esquistossomose alertaram os alunos da USP e ajudaram na escolha da cidade para ser visitada pela Jornada nesse quadriênio. Cerca de 35 alunos passarão as segunda e terceira semanas de janeiro de 2008 prestando serviços na cidade.
A campanha não é assistencialista, ou seja, não se foca em resolver os problemas. Os alunos trabalham para ensinar a população como prevenir doenças. Capacitam agentes de saúde e dão palestras para crianças e adultos sobre hábitos de boa higiene. O apoio financeiro vem de patrocínios estabelecidos com grandes empresas do ramo farmacêutico e de alimentos.
Além de dar retorno à população, por meio do projeto de extensão, os alunos aproveitam a experiência para o próprio aprendizado. A maioria é dos primeiros e segundos anos e passam por uma seleção para participar do projeto. As verbas não permitem levar muitas pessoas e estas começam a se preparar seis meses antes. No final, o grupo se apresenta com duas frentes: uma de laboratório e uma que vai a campo.
Érica Katsumata, estudante do segundo ano é uma das coordenadoras da próxima edição da Jornada e participou do evento no ano passado. Ela testemunha que “quando você vai para a Jornada você é uma pessoa e, quando volta, é completamente diferente”. Já, Cristiane Katsuda gosta de relembrar o último dia no ano passado, quando os moradores recebem os laudos dos exames. Diz, “o vínculo que a gente cria com os moradores é inenarrável. Quando a gente vê os olhinhos se encherem de lágrimas, é muito gratificante”.