ISSN 2359-5191

12/09/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 40 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Novas tecnologias põem em questão a objetividade da fotografia

São Paulo (AUN - USP) - “A fotografia digital acaba com o mito de que a foto é incapaz de mentir”. Essa foi a colocação de Ronaldo Entler, professor da Faap e da Unicamp, no segundo debate da Semana de Fotojornalismo da USP. O evento, que contava também com a presença do arquiteto e fotógrafo Cristiano Mascaro, teve como tema as relações entre o fotojornalismo e a universidade.

Segundo Entler, o que ocorre na verdade é que hoje em dia se tornou muito mais fácil manipular as fotos. Porém, aponta pontos negativos nas novas tecnologias, como a perda da autoralidade. Hoje em dia, com a facilidade de conseguir fotos em bancos de imagens, o fotógrafo precisa de outros meios para se destacar, como os ensaios reflexivos. “Infelizmente o projeto muito conceitual não é encarado como fotojornalismo pela mídia, sonho com o dia em que o fotojornalismo seja menos tímido”.

Cristiano Mascaro concorda que o banco de imagens “faz o fotógrafo se sentir inútil”. Mesmo reconhecendo que a câmera digital é apenas um suporte diferente, vê uma mudança na atitude do fotógrafo, pois hoje é possível ver a foto no instante em que foi tirada. Nesse ponto os dois foram unânimes: o tempo de espera até a revelação do filme era importante para o fotógrafo, pois ele já fazia uma pré-edição das imagens na sua mente e o ato da fotografia era mais refletido: “a foto digital tira a roupa rápido demais, não tem romance”, diz Entler.

Em outro debate ocorrido durante a Semana de Fotojornalismo, o professor de Fotojornalismo da USP, Atílio Avancini, apresentou um trabalho de iniciação científica de seu orientando Leonardo Feder sobre a vida e obra de Henri Cartier-Bresson, considerado o pai da fotografia moderna, segundo o qual “fotografar é identificar e organizar um acontecimento no instante que acontece”. Foi em cima dessas premissas de Bresson que Feder fez o ensaio fotográfico “A Festa de São Judas na visão de um cadeirante”, como parte prática de seu trabalho.

Feder tem deficiência física e precisa de cadeira de rodas para se locomover, mas a sua limitação não o impediu de realizar as fotografias e se aproximar um pouco da maneira como Bresson trabalhava: com o registro do desconhecido, do acaso, acontecimentos periféricos, formando uma crônica visual. As fotos estão expostas no Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP).

No dia seguinte ao debate, o professor Avancini realizou uma saída fotográfica com participantes da semana no Mercado Municipal, com a proposta de fazer um exercício de fotojornalismo, aproximando os alunos das idéias de Bresson: a busca por um “momento decisivo” a ser registrado na fotografia. As fotos tiradas durante o passeio foram levadas para concurso e estão expostas no Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA.

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