ISSN 2359-5191

28/09/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 50 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Entre estereótipos e prateleiras, estudantes realizam Semana de Biblioteconomia

São Paulo (AUN - USP) - A mulher, em posição ereta, tem os cabelos presos e usa óculos de aros grossos. Sua expressão, severa, pede silêncio e ordem a todo o momento. Sentada do lado de trás do balcão, em frente a uma porção de prateleiras empoeiradas, ela causa temor nos jovens. A imagem do bibliotecário foi, e em grande parte ainda é, rodeada de estigmas. Desconstruir esse estereótipo é um dos objetivos da III Semana de Biblioteconomia da Escola de Comunicações e Artes da USP, organizada pelos estudantes do curso.

Para um dos organizadores do evento, o estudante Thiago Freires, é importante que o curso seja divulgado, mesmo dentro da ECA, revelando as relações que os outros cursos ministrados na unidade têm com a biblioteconomia: “Por exemplo, o cara de jornalismo, porque a gente tem a palestra do Caio Túlio, começa a entender melhor que a nossa profissão também tem a ver com a dele”. Ele afirma ainda que muitos alunos, mesmo cursando biblioteconomia, mantêm o estereótipo do bibliotecário. “As pessoas acham que a gente só trabalha na biblioteca”. Mas, apesar dessa idéia não ser verdadeira, ele completa, a respeito da programação da Semana: “A gente também tem coisa a dizer sobre biblioteca, tem o que discutir”.

A discussão e a reflexão são o ponto central da Semana, que tem por maior característica um grande número de mesas redondas: “Diferente dos anos anteriores, que era mais palestra, era menos discutida, mais uma visão só”, conta Freires. Ele ainda explica que são os alunos que escolhem os temas a serem debatidos e isso, por si só, já é uma forma de refletir a respeito do curso e da profissão: “Um dos objetivos da semana é parar todo mundo, reunir todos os alunos, tanto que todas as aulas são transferidas para o evento, e aí tentar ver ‘ah, têm umas dificuldades aqui’”. Trazer pessoas de outras áreas ou universidades também é essencial para o debate. “Eles trazem uma nova visão sobre o assunto, uma que a gente não teve na sala de aula”, explica.

Esse caráter plural, que se verifica, por exemplo, no fato dos organizadores chamarem ex-alunos dos cursos, tanto os que seguiram carreira como os que atuam em outras áreas, é um dos responsáveis pelo crescimento do evento. Este pôde ser verificado no número de participantes, que aumentou desde a primeira edição, e no esgotamento das vagas para os minicursos dias antes do começo do evento. Parte desse sucesso, segundo Freires, se deve à constância do evento: “Com a continuidade, as pessoas já marcaram que existe a Semana de Biblioteconomia, então elas já voltaram a procurar o evento”.

Mais informações estão disponíveis no site http://semanabiblio.googlepages.com/, onde é possível assistir as palestras ao vivo e acessar fotos do evento.

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